Dá a surpresa de ser
Dá a surpresa de ser É alta, de um louro escuro. Faz bem só pensar em ver Seu corpo meio maduro.
Seus seios altos parecem (Se ela estivesse deitada) Dois montinhos que amanhecem Sem ter que haver madrugada.
E a mão do seu braço branco Assenta em palmo espalhado Sobre a saliência do flanco Do seu relevo tapado.
Apetece como um barco. Tem qualquer coisa de gomo. Meu Deus, quando é que eu embarco? Ó fome, quando é que eu como?
10-9-1930 - Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995) - 123.
sábado, 10 de outubro de 2020
Prémio Valmor 1904, Avenida Liberdade 166
Situa-se na Avenida da Liberdade, no percurso ascendente (lado direito), para quem vai da Praça dos Restauradores para a Praça Marquês de Pombal. Dois dos actuais inquilinos são, a “ADIPA” (Associação Distribuidores Produtos Alimentares) e a “Chiado Editora”.
Menção Honrosa, Ano de 1904. Em 1904 o júri decidiu não atribuir o Prémio Valmor, por considerar que «nenhum dos prédios concluídos em Lisboa durante o ano findo reúne o conjunto de condições artísticas essenciais para ser classificado em mérito absoluto», propondo apenas duas Menções Honrosas.
Uma delas, a “Casa Lambertini”, cujo proprietário Michelangelo Lambertini exprimiu a sua revolta apelando mesmo à Câmara no sentido desta anular a decisão, localiza-se na Avenida da Liberdade, 166-168, tendo por arquitecto Nicola Bigaglia, já anteriormente distinguido, no Prémio Valmor de 1902.
Edifício concebido para cumprir as condições do testamento do Visconde, inspira-se na Renascença Veneziana, o estilo Lombardesco, com uma decoração em mosaicos, executados em Veneza, inspirada na Igreja de São Marcos. Actualmente em bom estado de conservação, destina-se a habitação e escritórios.
“De nacionalidade italiana, nascido em Veneza, veio para Portugal em 1888, na mesma época em que outros artistas de valor foram contratados pelo Governo português, como professores das Escolas Industriais, criadas por António de Augusto Aguiar e por Emídio Navarro.
…
De entre as obras que se ficaram a dever à presença de Nicola Bigaglia em Lisboa, são conhecidas ou referidas pelas publicações da época, as seguintes: o palácio e parque de José Pinto Leitão, na Rua Marquês da Fronteira, Nº.14-16; as residências de Michel Angelo Lambertini, na Avenida da Liberdade, Nº. 166 (Menção Honrosa do Prémios Valmor em 1904), e do Dr. Gama Pinto, na Rua das Taipas, Nº.16-20; os palacetes do Conde Burnay, na Rua da Junqueira, Nº.86, do Dr. António Caetano, na Rua de Santo António dos Capuchos, Nº. 1, e do Dr. Alfredo da Cunha, no Largo de São Vicente, Nº.5, etc.
…
Nos finais de 1907, princípios de 1908, Nicola Bigaglia, retira-se para Veneza, onde faleceu em 8 de Outubro.
Obteve o Prémio Valmor de 1902, com o edifício construído, na Avenida da Liberdade, tornejando para a Rua do Salitre, Nº.1-3, onde é hoje a Chancelaria da Embaixada de Espanha.”
In Bairrada, Eduardo Martins, “Prémios Valmor 1902-1952”, Edição 1988, CML. (sic)*
“http://www.priberam.pt/dlpo/sic” - *sic |sique| (palavra latina)
Advérbio: Sem alteração nenhuma; tal e qual. = assim
Acontecimentos referentes à década:
1902 - Inauguração do elevador de Santa Justa;
1903 - Publicação do novo regulamento de salubridade para as construções urbanas;
1904 – Aprovação do Plano Geral de Melhoramentos, apresentado pelo engenheiro Ressano Garcia (1847-1911);
1905 – Desenvolvimento das construções ao longo da Avenida Fontes Pereira de Melo e da futura Avenida da República;
1905 - Jardim Zoológico, nas Laranjeiras, Raul Lino;
1907 – Animatógrafo do Rossio;
1908 - Projecto para o Parque Eduardo VII do arquitecto Miguel Ventura Terra.
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Muitas vezes, passamos por estas belíssimas obras e nem reparamos, de tal modo vamos presos na nossa vida diária.
ResponderEliminarBom domingo, Ricardo. :)
Quem vive na cidade e gosta de fotografar como eu, monumentos e edifícios, é muito interessante vaguear a objectiva por estas obras de arte.
EliminarLuísa obrigado
Obras belíssimas que desconhecia.
ResponderEliminarMuito obrigada pela partilha.
Bom domingo Ricardo
Manuela obrigado
EliminarA passagem um pouco lenta dos slides, até nos permite apreciar melhor os detalhes dessas obras-primas de arquitectura do início do século passado.
ResponderEliminarActualmente, na urgência em terminar qualquer empreitada, é tudo linhas simplistas e sem beleza. É ver a Casa da Música...
Gostei desta forma de apresentação das tuas fotos.
Boa semana, Ricardo.
Podes acelerar ou andar para trás na mostra de slides. Hoje fazem-se edifícios sem carácter, "gaiolas para a passarada", como dizia o meu Pai.
EliminarJanita obrigado
Passa despercebido apesar da beleza.
ResponderEliminarAquele abraço, boa semana
Muitos destes edifícios passam despercebidos aqui na capital. São um espólio de beleza arquitectónica que nos finais do século XIX, principalmente nos inícios do século XX eram arte que apesar de feitos para famílias ricas dariam um ar digno e maravilhoso a qualquer cidade, como o dão aqui a Lisboa.
EliminarPedro obrigado