Dá a surpresa de ser

Dá a surpresa de ser É alta, de um louro escuro. Faz bem só pensar em ver Seu corpo meio maduro.

Seus seios altos parecem (Se ela estivesse deitada) Dois montinhos que amanhecem Sem ter que haver madrugada.

E a mão do seu braço branco Assenta em palmo espalhado Sobre a saliência do flanco Do seu relevo tapado.

Apetece como um barco. Tem qualquer coisa de gomo. Meu Deus, quando é que eu embarco? Ó fome, quando é que eu como?

10-9-1930 - Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995) - 123.

sábado, 10 de julho de 2021

Adélia Pedrosa – Fado (2)

O Fado é, desde Novembro de 2011, Património Cultural e Imaterial da Humanidade (UNESCO).

Não sou grande admirador, com uma excepção para o fado de Coimbra, mas reconheço o valor deste género musical que representa muito bem, alguma da Boa Música Portuguesa.

Adélia Pedrosa (30-11-1941)

Minha Alma de Amor Sedenta, de Antonio dos Santos. Músicos: Mário Rui e Caçula Hilário.

Letra:

Minha alma de amor sedenta

Barco sem rumo e sem Deus

Anda à mercê da tormenta

Desse mar dos olhos teus

Essa dádiva total

Que me pedes hora a hora

É o que a minha alma te dá

Quando d'amor por ti chora

Se eu um dia te perder

Jurarei virada aos céus

E os perdões que Deus me der

Meu amor são todos teus

É uma causa perdida

O ser proibido amar

Quem perde um amor na vida

Jamais devia cantar

8 comentários:

  1. Não conhecia, e gostei.
    Abraço, saúde e boa semana

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Elvira obrigado
      Saúde, abraço e boa semana, também !

      Eliminar
  2. Então um alfacinha como o Ricardo não é grande admirador de fado?! Eu também não, mas sou tripeiro (a verdade é que se canta muito fado no Porto, essa é que é essa). No entanto, gosto muito deste fado, mas não na voz de Adélia Pedrosa. O fado não é só garganteios e até os dispensa. Prefiro mil vezes a versão original do próprio autor, António dos Santos, que conheço desde miúdo, quando o ouvia no rádio: https://www.youtube.com/watch?v=-isDqJmKJYg.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. É verdade Fernando, alfacinha sim, mas o fado que mais gosto é o de Coimbra. O outro, aprecio, mas se for, ao vivo, numa casa de fados, em ambiente próprio.
      Obrigado pelo link da versão original !
      Fernando, obrigado e abraço

      Eliminar
  3. Gostava muito de ouvir o fado. Adorava o fado de Coimbra... hmmm... do fado ou dos capas negras?! : ))

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Fado de Coimbra podes contar comigo, para isso e para comer uma boa refeição cheia de "castrol" :))) !!!
      Catarina obrigado

      Eliminar
  4. Uma voz que adorei descobrir! Não conhecia! O fado, é outro universo que me escapa... mas que gosto de descobrir nas novas vozes, que lhe dão uma projecção diferente e alternativa... e que no fundo, vão continuando a suscitar curiosidade quanto às suas origens... não o deixando assim morrer! Hoje, já muitos jovens, perderam a vergonha de dizer que apreciam fado... há vinte anos atrás... nem sequer se considerava tal hipótese, para muitos dos mais novos...
    Um grande abraço!
    Ana

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Como já disse anteriormente gosto muito mais de fado (balada) de Coimbra, do que o fado "lisboeta" (?), no entanto achei interessante ir correndo o alfabeto e colocar aqui nomes mais e outros menos conhecidos. Quantas vezes existem artistas que quase ninguém ouve.
      Este fado irá voltar na voz versão original do próprio autor, António dos Santos, https://www.youtube.com/watch?v=-isDqJmKJYg e que o Fernando Ribeiro que comentou mais acima (alguém que complementa sempre os seus comentários ou respostas no seu blogue, de uma maneira exemplar), me deu a conhecer o link.
      Ana, já agora o Blogue do Fernando Ribeiro, é um daqueles que deve ser visitado pela extraordinária originalidade das suas interessantes publicações. Fica aqui o link da "A Matéria do Tempo": https://amateriadotempo.blogspot.com/

      Eliminar

Eu fiz um Pacto com a minha língua, o Português, língua de Camões, de Pessoa e de Saramago. Respeito pelo Português (Brasil), mas em desrespeito total pelo Acordo Ortográfico de 90 !!!