Dá a surpresa de ser

Dá a surpresa de ser É alta, de um louro escuro. Faz bem só pensar em ver Seu corpo meio maduro.

Seus seios altos parecem (Se ela estivesse deitada) Dois montinhos que amanhecem Sem ter que haver madrugada.

E a mão do seu braço branco Assenta em palmo espalhado Sobre a saliência do flanco Do seu relevo tapado.

Apetece como um barco. Tem qualquer coisa de gomo. Meu Deus, quando é que eu embarco? Ó fome, quando é que eu como?

10-9-1930 - Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995) - 123.

sábado, 6 de outubro de 2018

Patchworks of Music Glued (11)

É aqui que eu vivo. Foi por aqui que entrei na minha cidade em 1953, um Sábado, 21 de Novembro. Foi aqui que chegou a nave onde eu vinha e foi aqui que uma voz me disse:

“É nesta cidade que tu vais viver, crescer e morrer ! Ela vai ser o teu berço, é por ela que deves lutar, como muitos já lutaram para a deixar incólume para as gerações vindouras ! Nunca te esqueças disso. Preserva-a e estima-a porque ela vai dar-te tudo para seres feliz !”

Assim o tenho tentado fazer. E no dia em que a nave me vier buscar, estarei aqui neste cais para partir !



Foto minha, "batida" no dia 19 de Abril de 2014, no “Cais das Colunas”, Praça do Comércio Lisboa.

Música, do "Pat Metheny Group", extraída do álbum “We Live Here” de 1995, para a etiqueta “Geffen”. A composição “We Live Here”, composta por Pat Metheny. O álbum ganhou um “Grammy Award for Best Contemporary Jazz Album” em 1996.

6 comentários:

  1. O cais das colunas é dos locais de Lisboa que sempre me emociona... tal como as tuas palavras, que até fizeram os meus olhos imitar o Tejo.

    Sem dúvida a tua rubrica mais intimista de todas.

    Obrigada por mais este PMG
    (^^)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. É sim a rúbrica que fala um pouco mais de mim, das minhas alegrias e tristezas. Desculpa se te fiz emocionar. O que escrevi foi sentido. Aliás hoje é mais um dia difícil para mim.

      Obrigado Afrodite e Abraço

      Eliminar
  2. O cais das colunas é dos ícones de Lisboa e também um dos lugares que mais gosto.
    Palavras sentidas que nos deixaste e que demonstra o amor pela cidade que te viu nascer.
    Comovente este teu post!

    Abraço Ricardo

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Sim a minha cidade é Lisboa, aquela onde vivo e onde quero viver. Onde as cores me deixam confortado e satisfeito !
      Obrigado Manuela

      Eliminar
  3. O Cais das Colunas tem uma carga emocional forte.

    Para quem desconhece história de despedidas e chegadas,
    de abraços e de lágrimas,
    sente uma energia especial
    e ficam ali parados a olhar o rio,
    com os olhos presos a algo
    que lhes escapa nos voos das gaivotas.

    Lugar que gosto muito!

    E quando chegar o dia que essa "nave" o leve suave.

    Gostei desta partilha tão especial,Ricardo!

    Beijinhos.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Eu também gosto imenso do local. Costumo sentir-me bem por ali !
      Muito grato pelas tuas palavras, mz !

      Eliminar

Eu fiz um Pacto com a minha língua, o Português, língua de Camões, de Pessoa e de Saramago. Respeito pelo Português (Brasil), mas em desrespeito total pelo Acordo Ortográfico de 90 !!!