Dá a surpresa de ser

Dá a surpresa de ser É alta, de um louro escuro. Faz bem só pensar em ver Seu corpo meio maduro.

Seus seios altos parecem (Se ela estivesse deitada) Dois montinhos que amanhecem Sem ter que haver madrugada.

E a mão do seu braço branco Assenta em palmo espalhado Sobre a saliência do flanco Do seu relevo tapado.

Apetece como um barco. Tem qualquer coisa de gomo. Meu Deus, quando é que eu embarco? Ó fome, quando é que eu como?

10-9-1930 - Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995) - 123.

sexta-feira, 3 de setembro de 2021

Shadows – Festas de Garagem (3)

Na minha juventude diverti-me imenso nas “festas de garagem”. Um levava o gira-discos portátil, outros levavam uns quantos discos. Haviam sempre umas sandes e uns refrigerantes. Dançávamos a tarde inteira e às vezes a entrar pela noite. Ora música para os “pulos”, ora música para dançar agarrados, às vezes “agarradinhos”, mas sem abusar 😊, porque as mães delas eram algumas vezes nossas conhecidas, e tínhamos imenso respeito por elas.

São apenas duas músicas por intérprete. Em alguns deles, duas canções, irão saber a pouco. Naquela época, a “Pop” e a “Rock” anglo-saxónica dominava. Grupos ingleses e americanos, eram aqueles que passavam na rádio, e era neles, onde gastávamos algum dinheiro das nossas mesadas, para comprar os seus discos.

Hoje na 3.ª festa de garagem trago-vos…

Shadows (1958 – 2015)

Estes não já não eram muito ouvidos nas festas de garagem onde fui, pelo menos não me lembro. Um grupo britânico, com muita tradição e uma das composições correu Mundo fora. Dominaram a “pop” antes do aparecimento dos Beatles entre os finais da década de 50 e início dos anos 60.

Apache, composta por Jerry Lordan e editado em Julho de 1960 pelo grupo.

Riders In The Sky, composta por Stan Jones em 1948, e tocada pelo grupo em 1980.

15 comentários:

  1. Não eram muito ouvidos nas festas de garagem, mas gostei de os ouvir aqui.
    Muito bom!

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    1. Pelo menos nas "minhas" festas, não. Nas "minhas", eram mais Beatles, Bee Gees. Os Shadows são anteriores !
      Manuel obrigado

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  2. Cliff Richard e o grupo The Shadows, lembro-me bem.
    Foi o primeiro britânico a conhecer as delícias do clima algarvio, a comprar uma mansão e passar largas temporadas em Portugal.
    Dancei muito ao som das suas músicas, mas não em bailes de garagem. Foi nos bailes das Colectividades Recreativas ao som dos LPs passados no gira-discos.
    Bons tempos!

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    1. Pensando melhor, Ricardo, talvez nessa época não fossem ainda os Lps e sim singles de 45 rotações, mas tu certamente saberás melhor, pois és um perito em matéria de música.

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    2. Não sou perito em música, som melómano. Mas é verdade os Singles e os EP, são mais anos 60. Ora em 1960 eu fiz no final do ano, 7 anos. Por isso, nessa altura "Festas de Garagem" ainda não sabia o que era. Somente nos finais de 60, inícios de 70 conheci as "Festas de Garagem".
      Como tu dizes antes destas "Festas" eram os Bailes da Sociedades Recreativas e das Colectividades. Sou um pouco mais novo e não frequentei, infelizmente, essas sociedades, por isso sou "pé de chumbo" :)) !
      Janita obrigado

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  3. Como sou mais "antiga", minhas festas eram vividas ao som do Ray Conniff, especialmente.

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    1. Grande orquestra do Ray Conniff ! Ouvi mais tarde.
      Sonia obrigado

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  4. Os Shadows, como agrupamento instrumental sem Cliff Richard, marcaram os anos 60 mais do que com Cliff Richard.

    Um pouco por todo o país multiplicaram-se os conjuntos que procuravam imitar os Shadows e os seus famosos solos de guitarra elétrica. Só no meu liceu, formaram-se pelo menos meia dúzia de conjuntos deste tipo, tão efémeros como efémera é a adolescência.

    Houve no entanto um conjunto do liceu que se destacou e o seu líder até se tornou músico profissional: um rapazinho chamado Moura, que era um aluno muito fraco, porque tocava e cantava no conjunto em vez de estudar. Quando começou a pandemia de covid-19, ele ainda tocava em bares e hotéis do Porto. Provavelmente a pandemia terá posto fim à sua carreira.

    O conjunto que o Moura liderou chamava-se "Os Espaciais" e tinha um estilo que procurava conciliar a música em português com a sonoridade dos Beatles ou a dos Shadows. Aqui está uma das suas gravações:

    https://www.youtube.com/watch?v=iMI6AZuDFEE

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    1. O nome do grupo não me é estranho, mas nunca os tinha ouvido que me lembre.
      Fernando subscrevo tudo o que escreves com conhecimento posterior. Os Shadows foram, na realidade, mais conhecidos sem o Cliff Richard, emobora as raparigas nutrissem por ele alguma paixoneta :) !
      Fernando, muito obrigado pelo teus comentários sempre ricos e que acrescentam algo/muito às minhas publicações
      Abraço

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  5. Boa noite, Ricardo.
    Lembro-me de ouvir ambos, mas não dancei em festas de garagem, só descobri o prazer da dança, nos anos 80, nas discotecas do litoral alentejano :)

    Beijinho

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    1. Ò Comadre, nessa altura já se chamavam "discotecas" ou ainda eram "boites"?
      Gosto bem mais do termo "boites" embora hoje esteja associado a casas de alterne :) ! Na minha altura e aqui em Lisboa eram "boites", e na década de 70 !!!
      Fê obrigado

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  6. Gosto sempre de ouvir estas temas, mesmo se nos anos 60 ainda não tinha idade para festas de garagem. :)

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    1. Tu és mais nova do que eu, por isso ainda menos festas de garagem do que eu :)!
      Luísa obrigado

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Eu fiz um Pacto com a minha língua, o Português, língua de Camões, de Pessoa e de Saramago. Respeito pelo Português (Brasil), mas em desrespeito total pelo Acordo Ortográfico de 90 !!!