Dá a surpresa de ser

Dá a surpresa de ser É alta, de um louro escuro. Faz bem só pensar em ver Seu corpo meio maduro.

Seus seios altos parecem (Se ela estivesse deitada) Dois montinhos que amanhecem Sem ter que haver madrugada.

E a mão do seu braço branco Assenta em palmo espalhado Sobre a saliência do flanco Do seu relevo tapado.

Apetece como um barco. Tem qualquer coisa de gomo. Meu Deus, quando é que eu embarco? Ó fome, quando é que eu como?

10-9-1930 - Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995) - 123.

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

A Sopa do Pacto (12), músicas

Erik SatieGymnopédies e Gnossiennes (álbum completo)


Claude DebussyArabesque N.º 1 and N.º 2


Vianna da MottaBalada, opus 16, ao piano Raúl da Costa



10 comentários:

  1. Muito bom gosto musical. Fiquei seguidor

    Domingo feliz

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  2. Como já vem sendo hábito, nunca participo na sopa do pacto, mas é um prazer ouvir as músicas escolhidas.
    Gostei de todas, Ricardo

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  3. Sati teve uma cheia de atribulações.
    Gosto muito da sua música.
    Saudações poéticas!

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    1. Satie também é meu preferido !
      Obrigado Vieira Calado

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  4. Em finais dos anos 60, descobri a música de Erik Satie e fiquei deslumbrado com as suas estranhas e belíssimas melodias, as quais eram totalmente diferentes de tudo quanto eu tinha ouvido até então. Já nesse tempo eu começara a gostar de compositores seus contemporâneos, que vieram a marcar indelevelmente a música que se veio a fazer ao longo do séc. XX, como Debussy, Ravel, Stravinsky, etc.. Mas a música de Satie era diferente, quase de outra galáxia. As suas peças para piano, nomeadamente, eram tão simples, que qualquer criança poderia tocá-las. Eram a demonstração de que a simplicidade não é sinónimo de falta de qualidade, e muitas vezes acontece o contrário. Eu gosto muito da música de Rachmaninov, por exemplo, que é elaboradíssima e dificílima, mas a de Erik Satie é tão fresca e tão juvenil... Viva Erik Satie!

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    1. Fernando obrigado, mais uma vez, pelo seu comentário enriquecedor !

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Eu fiz um Pacto com a minha língua, o Português, língua de Camões, de Pessoa e de Saramago. Respeito pelo Português (Brasil), mas em desrespeito total pelo Acordo Ortográfico de 90 !!!