Augusto Gil (31-07-1873 – 26-02-1929)
Passeio de Santo António, dita por João Villaret. Esta gravação data de 1957, foi efectuada no Estúdio A da Emissora Nacional, na Rua do Quelhas, e pertence à Banda 1 da Face B do disco EP de 45 R.P.M. editado pela marca "Alvorada", etiqueta da "Radio Triunfo".
Fernando Pessoa (13-06-1888 – 30-11-1935)
Liberdade, dita por João Villaret. Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15.ª ed. 1995). - 244.
É por esta doçura imensa, que Augusto Gil colocava nos seus poemas, que desde criança me afeiçoei à sua poesia e toda a Poesia em geral:
ResponderEliminar(...)
Sem suspeitarem de que alguém os visse,
Trocaram beijos ao luar tranquilo.
O Menino, porém ouviu e disse:
Ó frei António, o que foi aquilo?...
O santo, erguendo a manga de burel
Para tapar o noivo e a namorada,
Mentiu numa voz doce como o mel:
Não sei que fosse. Eu cá não ouvi nada...
Uma risada límpida, sonora,
Vibrou em notas de oiro no caminho.
Ouviste, Frei António? Ouviste agora?
Ouvi, Senhor, ouvi. É um passarinho.
Tu não estás com a cabeça boa...
Um passarinho a cantar assim!...
E o pobre Santo António de Lisboa
Calou-se embaraçado, mas por fim;
Corado como as vestes dos cardeais,
Achou esta saída redentora:
Se o Menino Jesus pergunta mais,
Queixo-me à sua mãe, Nossa Senhora!
Voltando-lhe a carinha contra a luz
E contra aquele amor sem casamento,
Pegou-lhe ao colo e acrescentou:
Jesus, São horas...
E abalaram pró convento.
Uma delícia este Passeio de Santo António.
O poema de FP, já o publiquei uma ou duas vezes, ifelizmente, aqui, o tom demasiado corrido comn que Villaret o declamou, roubou-lhe toda a beleza.
Esta é somente a minha opinião que, como qualquer outra, vale o que vale.
Fica bem, Ricardo.
Obrigada.
A declamação é sempre algo pessoal, da interpretação do poema de quem o lê e de quem o diz.
EliminarJanita obrigado
Gosto muito de declamação, emociona- me sempre toda a emoção que é colocada na voz.
ResponderEliminarA primeira mais suave e contida, é linda.
A segunda dita com mais garra, transmite- nos toda a força da interpretação de Villaret e isso só prova a genialidade deste grande intérprete.
Gostei muito, Ricardo
Tens toda a razão Manuela. O João dava vida e a sua interpretação à poesia que dizia.
EliminarManuela obrigado