Dá a surpresa de ser
Dá a surpresa de ser É alta, de um louro escuro. Faz bem só pensar em ver Seu corpo meio maduro.
Seus seios altos parecem (Se ela estivesse deitada) Dois montinhos que amanhecem Sem ter que haver madrugada.
E a mão do seu braço branco Assenta em palmo espalhado Sobre a saliência do flanco Do seu relevo tapado.
Apetece como um barco. Tem qualquer coisa de gomo. Meu Deus, quando é que eu embarco? Ó fome, quando é que eu como?
10-9-1930 - Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995) - 123.
segunda-feira, 10 de agosto de 2020
Prémio Valmor 1902, Avenida Liberdade, Rua do Salitre 1-3
Encontra-se do lado direito quem desce a Avenida da Liberdade, do Marquês de Pombal, em direcção à Praça dos Restauradores, e situa-se na esquina da Rua do Salitre e da Avenida da Liberdade. À frente deste edifício fica a estátua erigida aos heróis da Grande Guerra (I Guerra Mundial), do lado esquerdo, a seguir ao edifício, fica o “Parque Mayer”, hoje transformado em parque de estacionamento, e do lado direito sobe-se a Rua do Salitre.
O Prémio Valmor de 1902 foi atribuído o nome de Palácio Lima Mayer, uma construção de 1901, situada na Avenida da Liberdade fazendo esquina para a Rua do Salitre e da qual, era proprietário, Adolfo de Lima Mayer. O arquitecto foi Nicola Bigaglia, italiano radicado em Portugal. A propriedade incluía, para além do edifício, um extenso jardim, no qual, em 1921, se edificou, o “Parque Mayer”, centro de concentração popular, durante muitos anos, em virtude das exibições da “Revista” à portuguesa, com os seus quatro teatros (Variedades, Capitólio, ABC e Maria Vitória), onde grandes cómicos do teatro português se tornaram famosos. Não vou aqui nomear ninguém porque vão-me faltar nomes.
Actualmente neste edifício, Rua do Salitre 1-3, funciona aqui há já muitos anos o Consulado de Espanha.
Arquitecto Nicola Bigaglia (1841-1908):
“De nacionalidade italiana, nascido em Veneza, veio para Portugal em 1888, na mesma época em que outros artistas de valor foram contratados pelo Governo português, como professores das Escolas Industriais, criadas por António de Augusto Aguiar e por Emídio Navarro.
Além de arquitecto, Bigaglia, foi um aguarelista distinto, um modelador de grandes recursos e um desenhador primoroso. A sua obra está dispersa por vários pontos do nosso território, muito embora fosse em Lisboa onde ela ficou mais representada. Conhecia a fundo a arte da decoração, sendo-lhe familiares os estilos clássicos, não só de arquitectura, como também do mobiliário, da tapeçaria, etc. Regeu, durante anos, a cadeira de Modelação Ornamental, na Escola Afonso Domingues, em Xabregas, após magistério na escola Industrial de Leiria,
…
De entre as obras que se ficaram a dever à presença de Nicola Bigaglia em Lisboa, são conhecidas ou referidas pelas publicações da época, as seguintes: o palácio e parque de José Pinto Leitão, na Rua Marquês da Fronteira, Nº.14-16; as residências de Michel Angelo Lambertini, na Avenida da Liberdade, Nº. 166 (Menção Honrosa do Prémios Valmor em 1904), e do Dr. Gama Pinto, na Rua das Taipas, Nº.16-20; os palacetes do Conde Burnay, na Rua da Junqueira, Nº.86, do Dr. António Caetano, na Rua de Santo António dos Capuchos, Nº. 1, e do Dr. Alfredo da Cunha, no Largo de São Vicente, Nº.5, etc.
…
Nos finais de 1907, princípios de 1908, Nicola Bigaglia, retira-se para Veneza, onde faleceu em 8 de Outubro.
Obteve o Prémio Valmor de 1902, com o edifício construído, na Avenida da Liberdade, tornejando para a Rua do Salitre, Nº.1-3, onde é hoje a Chancelaria da Embaixada de Espanha.”
“http://www.priberam.pt/dlpo/sic” - *sic |sique| (palavra latina)
Advérbio: Sem alteração nenhuma; tal e qual. = assim
1902 - Inauguração do elevador de Santa Justa;
1903 - Publicação do novo regulamento de salubridade para as construções urbanas;
1904 – Aprovação do Plano Geral de Melhoramentos, apresentado pelo engenheiro Ressano Garcia (1847-1911);
1905 – Desenvolvimento das construções ao longo da Avenida Fontes Pereira de Melo e da futura Avenida da República;
1905 - Jardim Zoológico, nas Laranjeiras, Raul Lino;
1907 – Animatógrafo do Rossio;
1908 - Projecto para o Parque Eduardo VII do arquitecto Miguel Ventura Terra.
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Todo o edifício é uma maravilha.
ResponderEliminarAquele abraço
Alturas em que se construía com beleza!
EliminarObrigado e abraço, Pedro
Muito bonito, gostei de conhecer.
ResponderEliminarEste edifício é maravilhoso. Pena não se conseguirem evitar oa aparelhos de ar condicionado nas janelas :( !
EliminarObrigado Manuela
Muito bonito
ResponderEliminarAbraço e saúde
Obrigado Elvira
EliminarAbraço e saúde, também !
Já vi aqui no teu espaço algumas fotos deste edifício, mas gostei de as ver passar em slides.
ResponderEliminarUma maravilha arquitectónica.
Obrigada pela partilha, Ricardo.
Um abraço.
As fotos que viste deste edifício, penso, que foram das anteriores publicações do Prémio Valmor, que apaguei, porque o programa que as mostrava, estava cheio de publicidade e desisti dele. Espero que a Google e a aplicação "Slides" não venha a fazer o mesmo.
EliminarObrigado Janita
Abraço
Este é o edifício do consulado de Espanha em Lisboa, como muito bem afirma, o qual não pode ser confundido com o da embaixada de Espanha. A embaixada fica no Palácio da Palhavã, situado na Praça de Espanha, que o rei D. João V mandou construir para os filhos ilegítimos que ele teve com a Madre Paula, do Convento de Odivelas. Estes filhos eram chamados "Meninos da Palhavã" por isso mesmo.
ResponderEliminarObrigado pelo enriquecimento da "minha" publicação e correctíssimo, como sempre, Fernando.
EliminarMuito Obrigado