Dá a surpresa de ser

Dá a surpresa de ser É alta, de um louro escuro. Faz bem só pensar em ver Seu corpo meio maduro.

Seus seios altos parecem (Se ela estivesse deitada) Dois montinhos que amanhecem Sem ter que haver madrugada.

E a mão do seu braço branco Assenta em palmo espalhado Sobre a saliência do flanco Do seu relevo tapado.

Apetece como um barco. Tem qualquer coisa de gomo. Meu Deus, quando é que eu embarco? Ó fome, quando é que eu como?

10-9-1930 - Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995) - 123.

terça-feira, 27 de maio de 2014

Lisboa (XV) – Av da Liberdade Nº.?

Nesta cidade onde ainda restam alguns edifícios bonitos e de outras épocas, encontrei mais um na Avenida da Liberdade, esquina com a Barata Salgueiro. Este felizmente encontra-se de “boa” saúde, embora como muitos outros aquilo que tenho encontrado, são prédios com necessidades de limpeza e conservação, principalmente, no que diz respeito a humidades. Este, infelizmente, em termos de numeração não encontrei o número da porta que eventualmente terá caído. Parece-me ser um edifício, arquitectonicamente, bonito.

Musicalmente, José Afonso acompanha este conjunto de fotos, com a música
“O Homem Voltou” do álbum “Coro dos Tribunais”, de 1974. Editado originalmente para a etiqueta “Orfeu” e gravado em Londres nos estúdios “Pye” de 30 de Novembro a 8 de Dezembro de 1974. Nele colaboraram para além de José Afonso, como óbvio, Adriano Correia de Oliveira, Carlos Alberto Moniz, Fausto, José Niza e Vitorino. Existe, pelo menos, uma versão em CD de 1996, da etiqueta “Movieplay Portuguesa SA”.

Para quem viveu, como eu, anos anteriores ao 25 de Abril é um artista obrigatório para ouvir e ter um espaço reservado de memória no nosso cérebro.

Citação de Zeca Afonso:

Faço música como quem faz um par de sapatos, isto é, tento alinhar sons e torná-los coerentes entre si, como quem faz um utensílio. E o mundo social da música não me seduz grandemente, como me seduzem os palcos e todo esse tipo de estruturas sobre que assenta uma canção. Seduz-me, sim, aquilo que posso fazer em torno da música: os contactos que estabeleço, os amigos que arranjo, esta “irmandade” progressista que se vai estabelecendo à medida que vamos correndo as terras, descobrindo que nessas terras vivem indivíduos que têm determinado tipo de preocupações…”.

“Morre” no dia 23 de Fevereiro de 1987, com 57 anos de idade. Já fez 22 anos. Que saudade Zeca...

In Viriato Telles, Cadernos de Reportagem, Ano 1, Nº. 2, 1983, Relógio d’Água Editores Lda.

4 comentários:

  1. Como o anterior, necessita de recuperação e conservação adequadas

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    1. As situações são diferentes, mas passa tudo por aí Pedro, na realidade !
      Um abraço e obrigado

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  2. É sempre bom ouvir o Zeca. Quanto ao edifício, pois, parece que é do Estado, mas abandonado ou muito pouco movimentado...

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    1. Esta cidade Olissipo está plena de edifícios lindos e este deve ser do Estado sim. O Zeca estará sempre no meu coração, como o exemplo da Liberdade !
      Obrigado Graça

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Eu fiz um Pacto com a minha língua, o Português, língua de Camões, de Pessoa e de Saramago. Respeito pelo Português (Brasil), mas em desrespeito total pelo Acordo Ortográfico de 90 !!!