Dá a surpresa de ser

Dá a surpresa de ser É alta, de um louro escuro. Faz bem só pensar em ver Seu corpo meio maduro.

Seus seios altos parecem (Se ela estivesse deitada) Dois montinhos que amanhecem Sem ter que haver madrugada.

E a mão do seu braço branco Assenta em palmo espalhado Sobre a saliência do flanco Do seu relevo tapado.

Apetece como um barco. Tem qualquer coisa de gomo. Meu Deus, quando é que eu embarco? Ó fome, quando é que eu como?

10-9-1930 - Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995) - 123.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Rão Kyao – Groups & Soloists of Jazz (XXI)

(Dados Biográficos In Wikipédia e/ou In AllMusic.Com - Todos os excertos das biografias foram adaptados e algumas vezes traduzidos por Ricardo Santos)

Rão Kyao (Lisboa, 23-08-1947 – 20xx) – É o nome artístico de João Maria Centeno Gorjão Ramos Jorge, OIH (Ordem Infante D. Henrique). É um músico e compositor português, famoso como intérprete de flauta de bambu e de saxofone.
É o segundo de três filhos de José Duarte Ramos Ortigão Jorge e de sua primeira mulher Maria Carlota Centeno Gorjão Henriques.
Foi aluno do Colégio Militar, em Lisboa.
Estreou-se ao vivo como intérprete de saxofone tenor, aos 19 anos de idade, tendo sido nessa fase inspirado pelo jazz. Para além de tocar em numerosos clubes lisboetas, tocou também no estrangeiro, em países como Dinamarca, Espanha, França e Países Baixos. Fixou-se em França.
No fim da década de 1970 partiu para a Índia, tentando redescobrir o elo perdido entre a música portuguesa e a música do oriente. Durante esse período, estudou música indiana e flauta “bansuri”. Dessa experiência, resultaram o álbum Goa (1979), e novas sonoridades no seu trabalho.
Participou no álbum "Hoje há conquilhas, amanhã não sabemos" da Banda do Casaco.
Em 1978 foi conselheiro do III Governo Constitucional, mas saiu ao fim de alguns meses.
Em 1983, lançou o álbum “Fado Bailado”, que viria a ser o primeiro álbum português a chegar a disco de platina. Nesse trabalho, interpretou ao saxofone diversas obras de Amália Rodrigues, com a colaboração do mestre da guitarra portuguesa António Chaínho.
No ano seguinte, lançou o álbum “Estrada da Luz”, que viria a torná-lo famoso a nível nacional pelas suas interpretações com flauta de bambu.
No ano de 1996, regressou ao fado, gravando o álbum ao vivo “Viva o Fado”.
Em 1999, compôs o hino oficial da cerimónia da transferência de soberania de Macau, tendo nesse âmbito gravado o álbum “Junção”, com a orquestra chinesa de Macau. O tema Macau viria a regressar à sua obra em 2008, no álbum “Porto Interior”, gravado em parceria com a intérprete chinesa Yanan.
A 8 de Junho de 2007 foi feito Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.
Em 2012, aceitou interpretar, e gravar, um álbum de "Melodias Franciscanas", em que empresta toda a sonoridade das suas flautas a melodias dos Franciscanos de Portugal (OFM), nomeadamente a composições de Mário Silva, Boaventura e Saldanha Júnior. Na gravação, feita na igreja de Santa Teresa de Jesus (Lisboa), foi acompanhado ao órgão por Renato Silva Júnior.

Depois de um Sonho, do álbum “Coisas Que a Gente Sente” de 2012.


Fado Bailado, do álbum “Fado Bailado” de 1983. Arranjo e saxofone de Rão Kyao, guitarra de António Chaínho e viola de José Maria Nóbrega.


Na Planície, do álbum “Coisas Que a Gente Sente” de 2012.


Terraço, do álbum “Live at Cascais” de 1980.

15 comentários:

  1. Este, um caso muito especial no nosso panorama musical ! Na verdade, não é muito habitual que alguém se torne famoso a tocar flauta de bambu, creio que até mais que no saxofone, como ele conseguiu !

    Abraço, Ricardo !
    :))

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    1. Sim verdade Rui o que dizes. O Rão percebeu rapidamente que a flauta e o tipo de música abordado era mais comercial com a flauta do que com o saxofone, isto sem lhe tirar, obviamente, o valor irrefutável, como músico.
      Obrigado e um Abraço

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  2. Há muitos anos que sou fã de Rão Kyao. Desde á primeira vez que ouvi a sua música!
    Acho que foi a atracção pela espiritualidade que emana do som da sua flauta mágica!...

    Sabes que, logo no início, eu pensava que ele fosse de origem oriental? Tal como nos contas nesse excerto biográfico, desde o jazz ao fado este excelente músico/ compositor, tem-nos deliciado com as suas belas melodias.

    Foi muito bom que te lembrasses de o trazer até nós! Gostei muito.

    :)

    Janita

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    1. Rão é um músico excepcional e inteligente, Soube bem escolher aquilo que era muito mais audível em termos de público.
      Obrigado Janita

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  3. Um dos meus primos lisboetas ofereceu-me um CD do Rão Kyao.

    Foi muito bom que me lembrasses, pois vou ouvi-lo esta tarde.

    Abraço de amizade da Teresa.

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    1. Ainda bem que a minha publicação te fez ir ouvir o Rão Kyao. De certeza que irá ser uma tarde agradável aos teus ouvidos.
      Obrigado Teresa

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  4. obrigada pela ideia Ricardo
    acho que também ficaria bem no meu blogue! vou pensar escrever sobre ele um dia destes!
    bom fim de semana
    Angela

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    1. Tento trazer aqui, sempre, boa música e bons executantes da mesma, tanto na interpretação, como na composição. Rão é um bom exemplo disso.
      Obrigado Ângela

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  5. ~ Excelente compositor e músico de rara sensibilidade!
    ~ É mais do que um príncipe da flauta, também é poeta!

    ~ Uma seleção de muito bom gosto: obra de mestre.
    ~ ~ Gratíssima pela generosa partilha.

    ~ ~ ~ ~ Ótimo fim de semana. ~ ~ ~ ~
    .

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    1. Ainda bem que gostaste Maria José. Kyao é tudo aquilo que disseste. Obrigado

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  6. É sempre agradável ouvir Rão Kiao.

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    1. Rão Kyao é muito agradável de ouvir !
      Obrigado Luísa

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  8. Há imenso tempo que não o ouvia ou sabia nada dele. Gostei :)

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Eu fiz um Pacto com a minha língua, o Português, língua de Camões, de Pessoa e de Saramago. Respeito pelo Português (Brasil), mas em desrespeito total pelo Acordo Ortográfico de 90 !!!