Dá a surpresa de ser

Dá a surpresa de ser É alta, de um louro escuro. Faz bem só pensar em ver Seu corpo meio maduro.

Seus seios altos parecem (Se ela estivesse deitada) Dois montinhos que amanhecem Sem ter que haver madrugada.

E a mão do seu braço branco Assenta em palmo espalhado Sobre a saliência do flanco Do seu relevo tapado.

Apetece como um barco. Tem qualquer coisa de gomo. Meu Deus, quando é que eu embarco? Ó fome, quando é que eu como?

10-9-1930 - Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995) - 123.

sábado, 4 de julho de 2020

O Prémio Valmor (Visconde Valmor – Fausto Queiroz Guedes) (I)


Busto, em bronze, do Visconde de Valmor, da autoria do escultor Teixeira Lopes, datada de 1904 e situada no Largo da Academia Nacional de Belas-Artes. 1249-058 Lisboa

O Prémio Valmor (reedição) vai andar de novo por aqui. Durante uns meses a partir de 20 de Julho. Estas publicações serão praticamente todas novas. A primeira mostra de Valmor, foi no meu anterior blogue “Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades” (apagado!). A documentação foi toda reescrita, com o material da nova pesquisa feita, principalmente, no que respeita às biografias dos arquitectos. Esta foi a terceira volta a estas construções, sendo a primeira em 2008 (270 fotografias), depois em 2013 (755 fotografias) e voltei, agora, em 2018. A próxima visita será, se Deus quiser, em 2023. Desta vez, fiz à volta de 540 fotos que serão exibidas n'O Pacto Português e mais 28 fotos de 2013, referentes a dois Prémios Valmor que não fotografei desta vez. A aplicação que escolhi, foi o Google Slides, porque me pareceu simples e de fácil visualização, e felizmente e para já, não tem publicidade.

Palavras minhas
           
Estas palavras minhas da edição anterior mantêm-se actuais.

Porquê deixar destruir Lisboa? Ela está hoje e cada vez mais, uma cidade descaracterizada arquitectonicamente. Será que isto é um mal das cidades que são a capital? Duvido! Conheço muito pouco do estrangeiro, mas sei que em muitos países europeus e por esse Mundo, se preservam as zonas mais antigas, das urbes principais. Tristemente, como país europeu que queremos ser e que somos geograficamente, não adoptámos essa conduta cultural, embora tenhamos vindo a melhorar, lamentamos o mal que está irremediavelmente feito.

Percebo muito pouco de arquitectura, tirando aquilo que aprendi na escola, em disciplinas como a História e o Desenho. Lembro-me do gótico, do barroco, do romano, e lembro-me da oval, da ogiva, do arco querena, da elipse, da hipérbole e da parábola. Apesar de ser leigo neste assunto, decidi investigar um pouco mais sobre o dito prémio e que melhor meio para o fazer e mostrar, do que a fotografia. Por isto tudo e durante alguns meses, no meu blogue “O Pacto Português”, mostrar-vos-ei, através da fotografia, um pouco do que se fez em termos arquitectónicos, nos primeiros 40 anos do século XX, e o que vai restando de alguma daquela arquitectura, que a sociedade moderna ainda não destruiu, na nossa maravilhosa capital que é a cidade de Olisipo.
           
O meu trabalho será centrado, unicamente, entre os anos 1902 e 1943, das obras premiadas com o Prémio Valmor. Nesse intervalo de anos, foram premiadas 40 construções, entre 28 prémios Valmor e 12 menções honrosas. Dessas 40 premiadas, 11 já foram demolidas, 2 estão para venda, e ainda 1, está, infelizmente e completamente, em ruínas.
Também nesses quarenta e um anos, existiram uma dúzia deles, nos quais não foram atribuídos prémios ou menções honrosas.
           
Não vou chamar a atenção para toda a arquitectura premiada e ainda existente. Ficará nesta mostra, algo mais para descobrirem, “in loco”, se o quiserem fazer, parando e olhando com um olho mais clínico para estas obras de arte. Elas estão aí espalhadas pela metrópole mais ocidental da Europa e se calhar valerá a pena ir vê-las, enquanto estão de pé.
Possivelmente, mais dia, menos dia, o dinheiro e o “poder” encarregar-se-ão de deitar abaixo mais algumas. Dessas restarão somente os registos fotográficos e cinematográficos.

“…O dinheiro não compra tudo!”, mas infelizmente, muitos de nós, estamos convencidos do contrário.
        
Breve História
        
“…Instituído há mais de um século, o Prémio Valmor surge na sequência de indicações deixadas no testamento do segundo e último visconde de Valmor, Fausto Queiroz Guedes, diplomata, político, membro do Partido Progressista, par do reino, governador civil de Lisboa e grande apreciador de belas artes.

Falecido em França em 1878, segundo o seu testamento, uma determinada quantia de dinheiro era doada à cidade de Lisboa de modo a criar-se um fundo. Este passaria a constituir um prémio a ser distribuído em partes iguais ao proprietário e ao arquitecto autor do projecto da mais bela casa ou prédio edificado.

Surge assim, com o nome do seu instituidor, o Prémio Valmor de Arquitectura, cuja atribuição era da responsabilidade da Câmara Municipal de Lisboa, ficando esta sob fiscalização do Asilo de Mendicidade de Lisboa. A Câmara elaborou então um regulamento segundo o qual seria anualmente nomeado um júri de três membros, todos arquitectos, que avaliariam as várias edificações.

Adaptando-se a mudanças, quer de mentalidade, quer no modo de fazer arquitectura, quer ainda a nível de regulamento, é um dos mais prestigiados prémios de arquitectura em Portugal.

O Prémio Valmor continua a ser sinónimo de uma certa qualidade arquitectónica que reflecte, tanto pelos bons como pelos maus exemplos, os gostos dominantes das diferentes épocas…”       
         
Bibliografia e Agradecimentos         
         
“Link” Prémios Valmor – CML (Câmara Municipal de Lisboa): http://www.cm-lisboa.pt/viver/urbanismo/premios/premio-valmor-e-municipal-de-arquitetura. O “link” atrás citado serviu de base, para colectar e situar o básico dos Prémios Valmor.    
     
A restante documentação, tal como, biografia dos arquitectos, etc., foi recolhida no GEO (Gabinete de Estudos Olisiponenses, http://geo.cm-lisboa.pt/). Uma palavra de agradecimento à Dr.ª. Manuela Canedo que me ajudou na consolidação da documentação que era necessária para o trabalho que eu pretendia executar.    
      
Agradecimentos aos Bibliotecários:       
       
Fátima Coelho, da OASRS (Ordem dos Arquitectos Secção Regional Sul), que me indicou literatura disponível na Biblioteca Nacional, para consulta e que, também ajudou neste trabalho.  
     
Madalena Marques Sousa, Zélia de Sousa e Castro, Luís de França e Sá, e ainda Carlos Manuel da Graça Vences da Biblioteca Nacional de Portugal.       
         
Dar a conhecer às pessoas a nova reedicção, em BCC:

Maria Manuela Canedo; Madalena Marques Sousa; Carlos Manuel da Graça Vences; e Luís de França e Sá.

As publicações Prémio Valmor começam dia 20-07-2020. Abrimos com a Introdução (aqui atrás) e de seguida as construções já demolidas. Na minha “Newsletter” vão sempre sabendo de todas as publicações. Espero que gostem!!!

6 comentários:

  1. Um trabalho de monta, esse, Ricardo.

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    1. Gostava imenso de poder fotografar pessoas, mas torna-se complicado, é preciso, como é óbvio, autorização delas e possivelmente muitas ainda exigiriam receber algum, por isso, fico-me pelos imóveis, monumentos e edifícios bonitos. Os edifícios antigos, aqui por Lisboa, os do início do século XX, já escasseiam.
      Obrigado Luísa

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  2. Aqui estarei para acompanhar.
    Aquele abraço, boa semana

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  3. Quando li a notícia, que morreu hoje o compositor italiano Ennio Morricone — o mais importante compositor de cinema de todos os tempos — lembrei-me logo de ti, Ricardo!!!

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    1. Pois soube há pouco a triste notícia da morte do Morricone :((((((! Ficámos mais pobres!!!
      Temos a sua obra para o fazermos permanecer vivo entre nós! Fica em Paz !!!
      Obrigado Teresa

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Eu fiz um Pacto com a minha língua, o Português, língua de Camões, de Pessoa e de Saramago. Respeito pelo Português (Brasil), mas em desrespeito total pelo Acordo Ortográfico de 90 !!!