Dá a surpresa de ser
Dá a surpresa de ser É alta, de um louro escuro. Faz bem só pensar em ver Seu corpo meio maduro.
Seus seios altos parecem (Se ela estivesse deitada) Dois montinhos que amanhecem Sem ter que haver madrugada.
E a mão do seu braço branco Assenta em palmo espalhado Sobre a saliência do flanco Do seu relevo tapado.
Apetece como um barco. Tem qualquer coisa de gomo. Meu Deus, quando é que eu embarco? Ó fome, quando é que eu como?
10-9-1930 - Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995) - 123.
terça-feira, 5 de dezembro de 2017
A Contar pelos Dados (7) – Os iluminados não são somente os humanos!
Ele era um lápis de grafite fina e tinha o
condão de conseguir mudar de côr, a fazer lembrar um arco-íris. Filho de um
lápis de carvão e de uma lapiseira de 5mm. Cedo, quando nasceu, se deu conta do
dom que ele possuía. Mal começou a gatinhar em cima de uma folha de papel, o
seu rasto mudou de cor, repetidamente. A Mãe e o Pai assustaram-se e
consultaram um Professor Doutor de Tinta Permanente, contando-lhe o sucedido.
Ele disse que já não era a primeira vez que isto acontecia e que dessem graças
a Deus pelo dom do pequeno lápis que um dia ele iria querer ser diferente de
todos.
Cresceu e um dia decidiu falar com os
Pais sobre o seu futuro, e disse:
“Olhem quando crescer não vou querer ser
um lápis de um mero fiel de armazém que passa o dia a subir uma escada,
a fazer contagens e a debitar números no seu caderno de notas; Também não quero
ser propriedade de um desenhador a lápis de cor que se me ponha a fazer
desenhos de núvens
e chuva, em folhas de papel cavalinho; Não vou querer estar num restaurante e
limitar-me a ver o empregado a colocar um prato e um talher na mesa, inúmeras vezes, e depois
a escrevinhar-me fazendo as contas das refeições, no seu bloco de recibos; E
muito menos quero estar dentro de uma pasta escolar para fazer aqueles desenhos
infantis que se aprendem na escola.
O que eu quero mesmo, é partir na bolsa
de um oceanógrafo, numa exploração pelos mares e chamar a atenção da
necessidade de proteger as faunas e floras dos Oceanos, e a defender os
mamíferos maiores do nosso planeta Terra, que são as baleias !”
O Pai virou-se para a Mãe e disse:
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Cinco estrelas!!!
ResponderEliminarObrigado Pedro
EliminarAbraço
Muito bom. Adoro estes seus textos. Não costumo comentar as músicas, por de música não entendo nada, a única coisa que sei é ouvi-las.
ResponderEliminarAbraço
Sempre gostei de escrever !
EliminarObrigado Elvira
ResponderEliminarFico parva com a tua criatividade!
Transformar imagens que saem aleatoriamente (numa combinação de 46.656 maneiras diferentes)... e conseguir dar sentido a uma história, não é tarefa fácil.
Muito bem conseguido! Um lápis sonhador...
Tem mesmo alma lusitana!
Beijinhos do Atlântico
(^^)
Sempre gostei de escrever e como em tudo, a inspiração às vezes aparece, e nessa altura consigo fantasiar e dar largas à minha "veia" de escritor !
EliminarMuito Obrigado Afrodite
De todas os 'contos', aqui contados pelos dados, este é o que mais me agradou e sensibilizou. Pelo enorme poder imaginativo e didáctico, pela inovação de teres realçado as palavras correspondentes às figuras dos dados, e porque adorei a capacidade de sonhar desse pequeno lápis!:) Eis aqui, um lápis empreendedor, que qualquer oceanógrafo se sentiria honrado e orgulhoso de levar consigo...
ResponderEliminarOrgulhosa, me sinto eu, por ter um amigo com este sentido de escrita criativa em prol de um mundo melhor e defesa dos animais em extinção, por via da crueldade do maior predador à face da Terra: o ser humano!
Um abraço e Parabéns, Ricardo. :)
Este foi interessante escrever e antes imaginar o que poderia fazer com aqueles dados. Um lápis da "Greenpeace" :)) Correu bem !
EliminarSou defensor acérrimo do Planeta que me atura. Que culpa tem ele ?!
Muito Obrigado Janita
ahahah... Impecável e tens razão : "Os iluminados não são somente os humanos " ! ... só que, corrigiria para : "Os iluminados não são somente TODOS os humanos " ... São apenas alguns" ! ... (como tu) " ! :))
ResponderEliminarAbraço :)
Alguns tem as lâmpadas fundidas ! :)))
EliminarObrigado Rui e um Grande Abraço
É impressionante a tua criatividade Ricardo... Adorei o sonho do lápis, bem determinado.
ResponderEliminarBeijinhos
Adélia
Como já disse a Escrita e as Letras são muito importantes na minha vida. A Arte é que valoriza um Povo, e eu também pertenço a ele. Quero-me valorizar e lutar por esta Terra que tantos a esquecem !
EliminarMuito Obrigado Adélia
Oh, adorei este pequeno lápis!
ResponderEliminarParabéns, Ricardo, por esta história que saiu, como disse o Pedro, cinco estrelas. :)
Fico feliz por teres gostado. Às vezes corre bem e a escrita flui na "ponta" do meu teclado ! :)
EliminarMuito Obrigado Luísa
Muito bom !! a principio pensei ser um conto de algum escritor portugues que nao conhecia ainda rs Que lindo! Escreves muito bem e a criatividade me encanta .Adoro as letras,mas só sei ler e apreciar.
ResponderEliminarUm abraço Ricardo Parabéns!!
Gosto de escrever e agradeço o elogio. Sou um amador e amante da escrita !
EliminarMuito Obrigado Lis
Que imaginação Ricardo!
ResponderEliminarGostei imenso do enredo do "contar pelos dedos", o Professor Doutor de Tinta Permanente, está o máximo!
Depois, a convicção desse filho, do querer ser quando for grande, é de facto lindo.
Parabéns Ricardo!
Como já o referi muitas vezes gosto imenso de escrever, e quando estou com cabeça para o fazer, gosto de dar largas à minha imaginação !
EliminarMuito Obrigado mz