Dá a surpresa de ser
Dá a surpresa de ser É alta, de um louro escuro. Faz bem só pensar em ver Seu corpo meio maduro.
Seus seios altos parecem (Se ela estivesse deitada) Dois montinhos que amanhecem Sem ter que haver madrugada.
E a mão do seu braço branco Assenta em palmo espalhado Sobre a saliência do flanco Do seu relevo tapado.
Apetece como um barco. Tem qualquer coisa de gomo. Meu Deus, quando é que eu embarco? Ó fome, quando é que eu como?
10-9-1930 - Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995) - 123.
domingo, 7 de fevereiro de 2016
Pat Metheny Group - Ouvir, Liderar, Tocar … e Biografias
Como todos sabemos, a voz humana é uma exímia intérprete de sons e a audição da mesma, é para nós um prazer imenso, porque podemos ouvi-la com tonalidades diferentes, com intensidades diferentes para as vozes masculinas e para as vozes femininas. As composições dão voz às vozes, se assim se pode dizer. Mas as vozes podem complementar-se com instrumentos que as acompanham ou que tocam a solo. Desde as cordas, aos metais, passando pelos instrumentos de percussão, e ultimamente pelos sons sintetizados e electrónicos, eles dão-nos um número infinito de combinações, de tonalidades, de melodias, etc.. Por ser um apaixonado de instrumentação, convido-vos a escutarem umas gotas de água pura e cristalina, do melhor que se fez em Jazz de fusão, durante as décadas de 80 e 90.
METHENY DIZ-NOS…
Abaixo do vídeo a tradução da pequena entrevista (faixa nº. 9) do concerto no Japão (DVD) sobre a apresentação do álbum “We Live Here” (1995). No Youtube - Pat Metheny: An interview about Listening and Leading - theMusicFDN. (Ricardo Santos)
“…Para mim tocar no seu melhor é o mesmo que falar com alguém que nós conheçamos muito bem e com a qual te sintas muito à vontade/confortável. Esquecemo-nos do tempo, do espaço e de tudo, isto é, estamos dentro das ideias que temos/produzimos e vivemos cada momento duma maneira muito especial e muita única e que, exactamente, o que o processo de tocar simboliza. E para mim, honestamente, posso afirmar que quando estou a tocar muito bem eu não estou a pensar em nada, estou somente a ouvir. E de facto, à medida que o tempo passa, chego à conclusão que tocar é muito mais ouvir do que, propriamente, tocar. O que quero dizer com isso é que se toco uma nota e que de seguida, ouço como ela se enquadra com tudo o que todos (grupo) tocam, então existe uma pessoa dentro de mim, que é um admirador de música e que é um ouvinte e ao qual eu então pergunto: «se estás a ouvir isto, e estás, o que é que queres eu ouvir de seguida ?» E então eu toco exactamente o que essa pessoa pretende ouvir.
Por isso, é a parte de ouvinte que comanda, entenda-se, a frase melódica ou o que lhe quiserem chamar. Resumidamente, eu sou uma espécie de ouvinte, é o melhor que posso dizer, e que eu tento, realmente, ouvir todo o som do grupo e participar nele.”.
PALAVRAS MINHAS
Como sempre disse, sou um melómano amador. Infelizmente, para além de saber que existem 7 notas musicais: dó, ré, mi, fá, sol, lá e si, ao olhar para uma pauta musical, não a sei interpretar. Bem gostaria de o saber fazer e, também, de ter tido a oportunidade de aprender a tocar piano. Sempre foi o instrumento, do meu fascínio. Mas apesar desses senãos, considero-me um amante de música, sem muita preocupação pelo convencionalismo de lhe atribuir um género. Música, para mim, é algo escrito por alguém e que foi pensado e trabalhado antes de ser executado, por um instrumento e/ou voz. Ter “melodia”, não é obrigatório, mas convém que seja pelo menos um “amontoado” de sons audível.
Pat Metheny começou a entrar musicalmente na minha cabeça, já há alguns anos, penso que em 1996. Embora já o tivesse ouvido anteriormente, nunca quis ouvir. Passo a explicar, a música, a escrita, a imagem, as artes em geral são perceptíveis por todos, mas para isso acontecer é necessário, não só algumas vezes a pesquisa e/ou a aprendizagem daquilo que vamos ouvir e/ou ver, mas também, e principalmente, estarmos abertos mentalmente a querermos experimentar sensações diferentes ao ver ou ao ouvir coisas fora do comum.
Ele é um génio da arte da música, embora existam vozes contraditórias. Seja como for, ele ficará na história universal da música, e nomeadamente, na contemporânea, como um dos melhores guitarristas e compositores. Por isso, é minha obrigação difundi-lo. Queremos ouvir boas coisas, que nos agradem e que sejam diferentes, mas que temos muitas vezes que aprender a ouvir, “estamos todos no mesmo barco”.
Vi-o e ao grupo, em Lisboa, três vezes. A primeira, quando da apresentação do álbum “Imaginary Day”, de 1997, na “Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa”. A segunda vez, para a apresentação do álbum “Speaking Of Now”, de 2002 (27-06-2002), no “Coliseu dos Recreios” e finalmente, a terceira vez, também no “Coliseu dos Recreios”, para apresentação do actual último trabalho de grupo (em Abril 2010), o álbum “The Way Up”, de 2005. Vou sonorizá-los para os que me visitam, sem pretensiosismo algum, mas com algum trabalho de recolha e de explicação musical dos temas a ouvir. Como disse anteriormente, sou somente um melómano amador, mas tenho a certeza que este grupo foi/é/será sempre muitíssimo bom. São profissionais de “primeira água”.
Somente um pedido final, mesmo que alguns acordes sejam menos melodiosos ao vosso sistema auditivo, tentem ouvir até ao fim.
Todos nós em miúdos, muitas vezes dissemos que não gostávamos de uma coisa, mas na maioria das vezes nunca a tínhamos experimentado ou provado. Por isso, provem primeiro e depois podem cuspir o som ou digeri-lo, a decisão será sempre vossa.
Eu já era adulto quando comecei a gostar de favas !
BIOGRAFIAS
Patrick Bruce “Pat” Metheny (12-08-1954) – Guitarras e outros instrumentos;
Lyle Mays (27-11-1953) ) – Teclas e guitarra;
Steve Rodby (09-12-1954) ) – Contrabaixo e viola baixo;
Paul Wertico (05-01-1953) ) – Bateria e percussão;
Antonio Sanchez (01-11-1971) – Bateria e percussão;
Richard Bona (28-10-1967) – Guitarras, voz e percussão;
Cuong Vu (19-09-1969) – Trompete, voz e percussão;
Armando Marçal (17-12-1956) – Percussão;
Mark Ledford (1960 – 01-11-2004) – Vários instrumentos e voz;
David Blamires (??-??-19??) – Vários instrumentos e voz;
Apresentação geral do grupo, com a maioria dos seus membros actuais e passados, os seus álbuns e prémios. Os dados apresentados são à data de quem carregou o vídeo (24 de Abril de 2008). A lista de prémios para mim está incompleta porque deveria dizer a que álbum, cada um dos prémios correspondeu.
Em alguma imprensa portuguesa
O PÚBLICO - Em 18/02/2002 - Pat Metheny Group regressa a Portugal em Junho
O PÚBLICO - Miguel Francisco Cadete, em Madrid 18/02/2002 - O regresso do virtuoso em disco e em concerto
O PÚBLICO - Manuel Carvalho 25/06/2005 - 00:00 - Metheny de regresso em peregrinação pelas origens
CORREIO DA MANHÃ - Em 28/06/2015 - Noite épica de Metheny
CORREIO DA MANHÃ - Em 25/06/2015 - Pat Metheny traz jazz em dose dupla
JORNAL DE NOTÍCIAS - Rui Branco 25/06/2005 - Eterno regresso de Metheny
Publicações
Começarão depois de amanhã, dia 9 de Fevereiro.
Espero que gostem…
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ResponderEliminarNão sei quando conheci a música de Pat M. mas sei que há muito que é uma referência importante na minha cultura musical.
Conheço bastantes temas seus, alguns graças a ti e às publicações que já tens feito anteriormente sobre ele, e a sua música faz-me companhia imensas vezes.
Virei com certeza acompanhar com muito agrado estas tuas publicações.
Agradeço-te desde já por elas.
Beijinhos Methenyzados
(^^)
Dá-me muito prazer que tenha sido eu o causador de teres ficado com o Metheny na "cabeça" e a fazer-te companhia a espaços. És uma ouvinte interessada e gostas de ouvir coisas diferentes. Aquilo porque eu "luto" sempre !
EliminarVamos ver se consigo que mais alguém seja cativado pela sua música, às vezes algo mais complexa, mas muito agradável de ouvir. Há de certeza por aqui quem já o tenha ouvido. Mas para quem não o conhece vai ter aqui uma oportunidade de alargar o seu leque musical juntando -o à sua colecção pessoal.
Obrigado Afrodite
Como sempre não conhenço.
ResponderEliminarDüsseldorf, Helau!
Então vai estar em boa altura de conheceres. de qualquer maneira já deverás ter ouvido algo dele. O seu leque musical é imenso. Tem "n" álbuns do grupo e a solo e ainda com outros músicos de Jazz.
EliminarObrigado Teresa
Subscrevo na íntrega as tuas palavras, para além de termos em comum o facto de termos pena de não ter aprendido piano.
ResponderEliminarHá géneros musicais que só vim a gostar muito tarde, o jazz foi um deles e muito tenho conhecido através do teu blog.
Como sou uma nulidade a decorar nomes, lembro-me de ter ouvido Pat Metheny, mas nunca associei ao nome, daí que seja gratificante vir aqui.
Muito obrigada pela partilha Ricardo.
E vais continuar a ouvir e a conhecer. tenho muito prazer em divulgar composições de grande beleza e alguma de mais difícil entendimento. Todos nós gostamos na nossa vida pessoal de um desafio, de algo mais complicado para sentirmos que a nossa inteligência o consegue ultrapassar. Aqui ouvir algo diferente é a mesma coisa. É alargarmos o nosso conhecimento, sabedoria e o nosso prazer !!!
EliminarObrigado Manuela
Vou voltar mais logo para escutar.
ResponderEliminarAcho que desde criança que sentia fascínio pelos instrumentos musicais - a minha mãe fez os três primeiros anos do Conservatório e quando éramos crianças o piano que estava em Lisboa, veio para nossa casa - comecei a tentar aprender por mim, aprendi a ler uma pauta com as aulas de música na escola, mas não observava bem os tempos. O piano está na rés-do-chão e ia ficando enregelada enquanto tocava ou tentava tocar e já há muito tempo que não o faço. No filme O Feitiço do Tempo, o Phil Connors (Bill Murray) conseguia aprender a tocar bem piano com aulas particulares e já adulto :)
Aqui ainda não tens nada para escutar, mas amanhã começa com duas excelentes composições.
EliminarObrigado Gabriela
O problema aqui de aprender a tocar piano prende-se com muito, principalmente, com possuir um, mesmo "vertical" que seja. Num apartamento, não será muito agradável para os vizinhos... ??? :(
EliminarBem, eu até gosto de favas desde sempre, por isso... :)
ResponderEliminarEntão vem por aqui ouvir. Acho que vais gostar !
EliminarObrigado Luísa
Ouvi pela primeira vez Pat Metheny na rádio, quando era adolescente, e fiquei bem impressionada.
ResponderEliminarAndo a ponderar ouvir instrumentais enquanto trabalho, para desanuviar sem me desconcentrar :)
M. ouvir instrumental enquanto se trabalha, e para quem não perde a concentração, é excelente. Eu sempre o fiz, quando leio e trabalho, e quando estudava.
EliminarObrigado M.
Estudar ou trabalhar com música instrumental de fundo, resulta muito bem. É uma receita antiga que sempre segui!
EliminarBeijinhos aos dois
(^^)
Ora aqui está M. uma opinião importante de quem ensina !
ResponderEliminarObrigado Afrodite pela achega.
Boa tarde, bem...confesso que já não me lembrava do Pat Metheny Group, também nunca o ouvi muito, mas ouvi o suficiente para agora recordar.
ResponderEliminarAG
Espero que tenhas ouvido e gostado ! As músicas do grupo são sempre muito boas musicalmente !
EliminarObrigado António