Dá a surpresa de ser
Dá a surpresa de ser É alta, de um louro escuro. Faz bem só pensar em ver Seu corpo meio maduro.
Seus seios altos parecem (Se ela estivesse deitada) Dois montinhos que amanhecem Sem ter que haver madrugada.
E a mão do seu braço branco Assenta em palmo espalhado Sobre a saliência do flanco Do seu relevo tapado.
Apetece como um barco. Tem qualquer coisa de gomo. Meu Deus, quando é que eu embarco? Ó fome, quando é que eu como?
10-9-1930 - Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995) - 123.
sábado, 6 de junho de 2015
Fábula dos Amigos dos Animais
Uauauauauauau…
Elvis: Vê se te calas pá ! O que se passa,
desde ontem que não me deixas dormir.
Black: Nem fazes ideia o que me aconteceu.
Elvis: Conta lá, sempre quero ouvir o que te
anda a deixar desde ontem tão preocupado.
Black: O meu dono ontem foi a casa de uns
amigos que têm uma cadela parecida comigo, loura… muita gira. Vivem num
apartamento pequeno, não há espaço sequer para dar uma corrida. Ela
confessou-me que anda com problemas nos músculos e nas articulações, porque
coitadinha dorme num alcofa na cozinha, ao pé do frigorífico e não consegue
fazer um pouco de ginástica, correr.
Elvis: E ela deu-te bola ?
Black: Bola ???
Elvis: Sim, bola !!! Não me digas que não
sabes o que é isso. Interessou-se por ti !? Vai possibilitar chegaras-te a ela
e haver qualquer coisa entre vocês, quando o teu dono voltar lá a casa dos
amigos !?
Black: Não entrei nesses pormenores com ela.
Soube que os donos lhe tinham feito uma operação para não poder ter filhos.
Compreendes não é ?! O apartamento é pequeno. Eles têm um miúdo e a mulher está
grávida e ainda a têm a ela.
Elvis: Puta que os pariu. Então tiraram-lhe o
prazer de poder um dia vir a ter filhos e ser mãe ? Grandes cabrões !!! Mas
pelos vistos, ficaste a gostar dela, entendi. Apaixonaste-te foi o que foi.
Black: Acho que sim. Gostava de a trazer para
o pé de mim, mesmo sabendo que não pode ter filhos.
Elvis: Mas olha lá, tu sabes que nós não
temos vontade própria. Mesmo que a queiras trazer para o pé de ti, não és tu
que decides isso. Além disso, como é que fazes mostrar ao teu dono que gostas
da… como é que ela se chama mesmo ?
Black: Simone !
Elvis: Como é que fazes o teu dono entender que
gostas da Simone e queres que ela venha para ao pé de ti ? Estás a ver, não é !
Black: Tens razão. Esta vida de cão que
levamos !!!
Elvis: Tenho sempre razão. Sabes uma coisa ? A
minha dona anda muito estranha. Trata-me muito bem, mas agora obriga-me a
lamber-lhe a mão. Põe um pouco de açúcar e depois manda-me lamber. “Elvis lambe
!” diz ela. Todos os dias é isto pelas 9 horas da noite.
Black: Acho que ela vai começar pela mão e
depois prepara-te.... Nem te digo mais nada !...
“Black
! Black !....”
Black: Olha o meu dono está a chamar-me para
ir à rua. Estou aflito desde as 5:00 da manhã. Aqui enfiado nesta varanda onde
mal me posso mexer.
Elvis: E eu ?! Bolas ! Ontem acabei por urinar
aqui. Se a tua varanda é pequena, imagina a minha. Com a tralha toda do
estendal e dos vasos com as plantas. Olha vinguei-me naquela planta ali.
Levantei a perna e cá vai disto. Acho que vai morrer. Eheh !!
Olha
lá, antes de te ires embora. O teu dono quando vais à rua leva um saco plástico
para apanhar a merda que tu fazes ?
Black: Qual quê !? Vai para o outro lado do
bairro para eu defecar à vontade junto aos prédios amarelos. Sabes quais são ?!
Os passeios andam todos cagados, mas pelos vistos ninguém se importa. Nunca nos
ensinaram ou arranjaram, como eles têm, as sanitas, ou lá o que é ! Acho que
até saiu uma lei a obrigá-los a apanhar a nossa caca, aquela que fazemos na rua
e nos passeios, mas como sabes a fiscalização em Portugal levanta-se tarde
Elvis: Mas olha podia ser pior. Se fossemos
gatos castravam-nos logo. Afinal ainda temos donos nossos amigos.
“Black
!... então, já te chamei duas vezes !
Black: Bem até logo. Vou arrear o calhau.
Ehehehehe !!!!
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Bom dia, todos dizemos, "meu cão é inteligente, percebe tudo que lhe digo," mas nunca pensamos o que eles pensam.
ResponderEliminarBom domingo
AG
Nós queremos ter animais, "pets" como dizem os ingleses e os americanos, mas queremos que eles sejam nossa propriedade (será ?). Se for esse o motivo porque queremos ter animais ao nosso cargo, então é melhor não tê-los !!!
EliminarObrigado António
Vivi numa quinta junto ao SPA das Termas de Monte Real, onde os meus gatos andavam à vontade pelo campo e floresta, trouxe-os para o apartamento onde tenho três varanda grandes, mesmo assim sei que não é o melhor para eles.
ResponderEliminarEm frente de minha casa existem uns apartamentos onde vivem dois cães, quando o dono os deixa vir à rua, o tapete na porta do meu aparece com a mancha da urina e por vezes fazem as necessidades no passeio ou na estrada, sim é muito desagradável, mas sinceramente prefiro que isso aconteça do que os dois cães estejam fechados num apartamento.
Beijinho Ricardo, um bom restinho de domingo.
Os animais, obviamente, precisam domo nós de liberdade !
EliminarObrigado Flor de Jasmim
Desta conversa canina ficou-me uma grande pena da 'Simone' e do espaço exíguo em que vive, sem poder correr e saltar.
ResponderEliminarAgora é moda ter animais de estimação e, muitas vezes, os donos não têm o mínimo de condições para os ter. Um animal deve ser estimado e bem tratado, mas não devemos esquecer da sua condição e o direito de viver em liberdade.
Fica bem e tem uma excelente semana, Ricardo.
Absolutamente de acordo contigo. Obrigado Janita
EliminarÉ necessário ter condições de espaço e disponibilidade de tempo para conceder aos nossos amigos animais.
ResponderEliminarEssa é a ideia que eu perfilho para se poder ter animais: espaço; liberdade; e condições para os manter. Sem isso, mesmo que se goste muito, é preferível não os ter !
EliminarObrigado Luísa
Acho uma violência ter animais num apartamento, um gato ainda é aceitável, agora cães, nem pensar.
ResponderEliminarDepois há a falta de cuidado de certos donos que os trazem à rua e não têm o cuidado de levar o saquinho.
Nunca me passaria pela cabeça ter um animal no meu caixote e depois de ler os lamentos da Simone fiquei ainda mais convicta das minhas ideias.
Tem uma óptima semana Ricardo!
Essa é mais uma triste verdade da nossa sociedade. existe Lei que proibe isso e obriga os donos a apanharem as fezes dos seus animais, mas onde está a Polícia para fazer cumprir. Os cidadãos também não são decentes e honestos para cumprirem as Leis. É o que temos !!!
EliminarObrigado Manuela
Julguei que era uma anedota, um bocado comprida, mas afinal enganei-me!
ResponderEliminarO Ricardo que me perdoe e se quiser pode ralhar-me, não me importo e até aceito.:-)
EliminarTeté :
Penso que o nosso amigo e anfitrião, escreveu esta fábula ao estilo de anedota, mas com uma intenção implícita do que é a realidade que se vive hoje, relativamente a certos 'donos' de animais e à forma irresponsável como mantêm em casa os pobres animais quase encurralados e a sofrer doenças provocadas pela imobilidade.
No fundo, terá sido um desabafo sério escrito 'a rir'...
Peço desculpa, Ricardo, se me achares metediça só tens de eliminar o comentário.
E, Amigos, como dantes!!
Beijocas, Teté! :)
É uma fábula que tem tanto de cómico como de real e perfilho as ideias dela. Da falta de humanidade e de respeito pelos outros !
EliminarObrigado Teresa
Janita transmiti-te muito bem aquilo que escrevi. Algo muito sério que disse com algum humor !
EliminarObrigado
Cuidar dos animais é uma responsabilidade tremenda, Ricardo.
ResponderEliminarQuem não tiver condições ou disponibilidade para isso é melhor estar quieto.
Aquele abraço, boa semana
Como estou de acordo contigo Pedro !!!
EliminarObrigado
E eu tenho uma gatinha ... rs
ResponderEliminarTrata-a bem Lis. acredito que o faças !
EliminarObrigado
:) Assim, a vida de cão parece mesmo bem dura...
ResponderEliminarSomos nós seres humanos que como raça dominante temos a "mania" da propriedade. Somos nos que quando chega o Verão e para irmos de férias abandonamos muitas vezes os animais ! :(((
EliminarObrigado Gábi