Dá a surpresa de ser

Dá a surpresa de ser É alta, de um louro escuro. Faz bem só pensar em ver Seu corpo meio maduro.

Seus seios altos parecem (Se ela estivesse deitada) Dois montinhos que amanhecem Sem ter que haver madrugada.

E a mão do seu braço branco Assenta em palmo espalhado Sobre a saliência do flanco Do seu relevo tapado.

Apetece como um barco. Tem qualquer coisa de gomo. Meu Deus, quando é que eu embarco? Ó fome, quando é que eu como?

10-9-1930 - Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995) - 123.

sexta-feira, 1 de julho de 2022

7.ª Arte - Roberto Rossellini

Breves palavras sobre o que é para mim, o Cinema.

Durante os anos da minha juventude houve algo que me despertou o interesse e fez com que a minha ligação com os audiovisuais se tornasse, desde então, preponderante na minha vida. Esse algo foi o Cinema. A chamada 7.ª arte (arte da imagem) que quando dado o nome e na minha modesta opinião, ela reflectia somente a realidade do cinema mudo, por isso “arte da imagem”. Posteriormente a 7.ª arte tornou-se em algo muito mais complexo. A obra/filme tornou-se num conjunto de várias e ricas variáveis: a imagem, o texto, a cenografia, o som, o guarda-roupa, a interpretação, etc.. Tudo isso conglomerado e orientado de alguma maneira, por uma pessoa na arte de dirigir, o realizador.

Um bom filme, é como uma boa música ou um bom livro, é algo que deve ser visto mais que uma vez, para que nos apercebamos de coisas que numa só, é impossível. Um amante de cinema vê um filme duas, três vezes, para que nele possa visualizar todas essas variáveis de que falei anteriormente.

Vão passar por aqui alguns realizadores que fizeram e fazem parte do meu imaginário de cinéfilo. Nessa época, quando frequentei as salas de cinema em Lisboa, as filmografias de eleição eram: a italiana, a francesa, a alemã, a sueca, a espanhola, a nipónica, a americana. Mas passarão também, e obviamente, realizadores brasileiros e portugueses

Esta nova publicação intitulada 7.ª Arte, será muito de uma pequena mostra do que se via cinematograficamente em Lisboa, nos finais da década de 60 e 70, mas não só, porque teremos filmes muito mais actuais !!!

Tal qual, como todos vós, me reconhecem como um melómano amador, eu também sou um cinéfilo amador. O que vou trazer aqui foram/são obras que gostei/gosto e vi/revejo, e as minhas escolhas são apenas opiniões e gostos, livres de qualquer pretensiosismo !!!

No nome do realizador (se estrangeiro) e na maioria dos títulos dos filmes existem “links” para a Wikipedia (versão inglesa), por ser a plataforma mais abrangente e mais completa. Se pretenderem, na coluna esquerda dessas mesmas páginas, em baixo, tem normalmente, a escolha da tradução para a língua portuguesa.

Do cinema italiano trago-vos Roberto Rossellini (08-05-1906 – 03-06-1977), realizador com uma obra notável. Um dos realizadores neorealistas no cinema mundial, com 49 películas, 12 produções para a televisão e uns quantos galardões. Dele escolhi 3 filmes que vi, embora tenha mais uma meia-dúzia que me lembre.

(1945) Roma Città ApertaRoma, Cidade Aberta

(1948) L'AmoreO Amor

(1952) Europe '51 (filme completo)

Entrevista com Roberto Rossellini

4 comentários:

  1. Roberto Rossellini, Federico Fellini, Vittorio de Sica, Michelangelo Antonioni, os irmãos Taviani, Ettore Scola, Sergio Leone, etc. etc. Tantos e tão bons realizadores tinha o cimena italiano! Onde é que estão os seus sucessores, que não se veem em lado nenhum? (Saudades do tempo em que eu era sócio do Cineclube do Porto!)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Fernando desde há muito e por invasaõ completa de alguma filmografia má, mas que dá dinheiro, porque estamos completamente contaminados de muitos filmes que são somente violência e outrso que são meras fantasias com super-heróis. Antigamente íamos ao cinema para nos cultivarmos e aprender, agora 90% das pessoas vão ao cinema para se distrair. Já nada se aprende ou se quer aprender :(((!

      Eliminar
  2. Valeu a pena passar da porta e adentrar, só para ter o prazer de rever a grande Ana Magnani. Fellini foi outro realizador de que gostei muito, sobretudo dos seus filmes em que entrava a pequena/grande Giulietta Masina. Como "A Estrada" e "Noites de Cabiría", creio ser estes o título.
    Fica bem, Ricardo!
    Saúde!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Janita obrigado pelo teu comentário. Sempe fui um apaixonado por cinema italiano e francês !

      Eliminar

Eu fiz um Pacto com a minha língua, o Português, língua de Camões, de Pessoa e de Saramago. Respeito pelo Português (Brasil), mas em desrespeito total pelo Acordo Ortográfico de 90 !!!