Dá a surpresa de ser

Dá a surpresa de ser É alta, de um louro escuro. Faz bem só pensar em ver Seu corpo meio maduro.

Seus seios altos parecem (Se ela estivesse deitada) Dois montinhos que amanhecem Sem ter que haver madrugada.

E a mão do seu braço branco Assenta em palmo espalhado Sobre a saliência do flanco Do seu relevo tapado.

Apetece como um barco. Tem qualquer coisa de gomo. Meu Deus, quando é que eu embarco? Ó fome, quando é que eu como?

10-9-1930 - Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995) - 123.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Pat Metheny e mais dez baladas …(XII)

Assim que te despes
as próprias cortinas
ficam boquiabertas
sobre a luz do dia     
      
Os teus olhos pedem
mas a boca exige
que te inunde as pernas
toda a luz do dia      
     
Até o teu sexo
que negro cintila
mais e mais desperta para a luz do dia       
         
E a noite percebe
ao ver-te despida
o grande mistério
que há na luz do dia
            
David Mourão-Ferreira, “Assim que te despes”, in “O corpo iluminado”      
         
Farmer's trust, do álbum “Travels I” de 1983, para a etiqueta ECM.     
            
        
           
The Falcon, do álbum “The Falcon and the Snowman” de 1985, para a etiqueta EMI America.        
         

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Eu fiz um Pacto com a minha língua, o Português, língua de Camões, de Pessoa e de Saramago. Respeito pelo Português (Brasil), mas em desrespeito total pelo Acordo Ortográfico de 90 !!!