Dá a surpresa de ser

Dá a surpresa de ser É alta, de um louro escuro. Faz bem só pensar em ver Seu corpo meio maduro.

Seus seios altos parecem (Se ela estivesse deitada) Dois montinhos que amanhecem Sem ter que haver madrugada.

E a mão do seu braço branco Assenta em palmo espalhado Sobre a saliência do flanco Do seu relevo tapado.

Apetece como um barco. Tem qualquer coisa de gomo. Meu Deus, quando é que eu embarco? Ó fome, quando é que eu como?

10-9-1930 - Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995) - 123.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Tintas e Pincéis (I) – José Malhoa

Gosto de arte, se calhar nem toda, não tenho conhecimentos para conseguir apreciar tudo. A Pintura, é uma delas. Nem sempre é fácil, bem pelo contrário, às vezes até é bem difícil a sua apreciação e juízo. Mas já me senti tentado a fazê-lo, pintar !... Porque não?! Eu até era um Bom aluno em desenho. Infelizmente, o espaço é crucial e o que tenho não me chega para tentar colocar no papel as imagens que passeiam na minha mente. Cavaletes, telas, tintas, pincéis, e toda uma panóplia de material preciso, necessitam de alguns metros quadrados adicionais. Afinal com a escrita, tudo fica mais simples… fica tudo registado no computador, já nem é preciso papel.
Vão passar por aqui, a espaços temporais aperiódicos, alguns pintores portugueses, alguns menos conhecidos do que outros. Uma breve bibliografia a apresentar o autor/pintor. Para mostrar a sua obra, escolhi um algarismo para o número de imagens de quadros a exibir. Só uma imagem seria pouquíssimo e três seriam pouco. O número 5 pareceu-me bom.
Levem os vossos filhos e visitem as Galerias e os Museus de Pintura desta cidade e não só. Dêem-lhes a ver coisas interessantes e clássicas.

(Dados Biográficos In Wikipédia e/ou In AllMusic.Com - Todos os excertos das biografias foram adaptados e algumas vezes traduzidos por Ricardo Santos)

José Vital Branco Malhoa (Caldas da Rainha, 28-03-1855 – Figueiró dos Vinhos, 26-10-1933) - Pintor, desenhista e professor de português, conhecido como José Malhoa.
Com apenas 12 anos entrou para a escola de Belas Artes. Em todos os anos que lá esteve, devido às suas enormes faculdades e qualidade artísticas, ganhou o primeiro prémio.
Realizou inúmeras exposições, tanto em Portugal como no estrangeiro, designadamente em Madrid, em Paris e no Rio de Janeiro. Foi pioneiro do “Naturalismo” em Portugal, tendo integrado o Grupo do Leão (Tertúlia de artistas portugueses que se reunia na Cervejaria Leão de Ouro em Lisboa, entre 1881 e 1889. O grupo contava com jovens artistas que viriam a destacar-se como Silva Porto, José Malhoa e os irmãos Rafael e Columbano Bordalo Pinheiro, sendo o grupo responsável pela divulgação e pelo sucesso da pintura do Naturalismo em Portugal. Em 1885 o "Grupo do Leão" foi imortalizado num óleo sobre tela com o mesmo nome, da autoria do pintor Columbano Bordalo Pinheiro).

Grupo do Leão retratado por Columbano Bordalo Pinheiro, em 1885, Óleo sobre Tela (200 x 300 cm), Museu do Chiado, Lisboa.


Destacou-se também por ser um dos pintores portugueses que mais se aproximou da corrente artística “Impressionista”.
Foi o primeiro presidente da Sociedade Nacional de Belas Artes e foi condecorado com a Grã-Cruz da Ordem de Santiago.
Em 1933, ano da sua morte, foi criado o Museu de José Malhoa nas Caldas da Rainha.

O Atelier do Artista (1893/1894), Óleo sobre Tela (93 x 127 cm), Museu de Arte de São Paulo, São Paulo, Brasil. A obra foi exposta pela primeira vez, no “IV Salão do Grémio Artístico” de 1894, sob o título “Antes da Sessão”.


Os Bêbados ou Festejando São Martinho (1907), Óleo sobre Tela (150 x 200 cm), Museu José Malhoa, Lisboa.


O Fado (1910), Óleo sobre Tela (150 x 183 cm), Museu da Cidade, Lisboa.
José Malhoa pintou duas versões do quadro. Uma em 1909 e outra em 1910. Foram expostas pela primeira juntas, lado a lado, na exposição “O Fado de 1910”, na Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa em 2010.
A obra de 1909 é propriedade da família do empresário Vasco Pereira Coutinho.


Praia das Maçãs (1918), Óleo sobre Madeira (69 x 87 cm), Museu do Chiado, Lisboa. Retrato da estância balnear com o mesmo nome.


Outono (1918), Óleo sobre Madeira (46 x 38 cm), Museu do Chiado, Lisboa.


Fado Malhoa (José Galhardo / Frederico Valério), na voz de Amália Rodrigues.

2 comentários:

  1. Grande pintor! Gostei imenso desta ideia do teu post.

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  2. Bela iniciativa, Ricardo !
    Parabéns !
    Desses, o Fado e os Bêbados no S. Martinho, famosíssimos !

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Eu fiz um Pacto com a minha língua, o Português, língua de Camões, de Pessoa e de Saramago. Respeito pelo Português (Brasil), mas em desrespeito total pelo Acordo Ortográfico de 90 !!!