Dá a surpresa de ser
Dá a surpresa de ser É alta, de um louro escuro. Faz bem só pensar em ver Seu corpo meio maduro.
Seus seios altos parecem (Se ela estivesse deitada) Dois montinhos que amanhecem Sem ter que haver madrugada.
E a mão do seu braço branco Assenta em palmo espalhado Sobre a saliência do flanco Do seu relevo tapado.
Apetece como um barco. Tem qualquer coisa de gomo. Meu Deus, quando é que eu embarco? Ó fome, quando é que eu como?
10-9-1930 - Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995) - 123.
sábado, 29 de julho de 2017
A Contar pelos Dados (3) - O coração batia intensamente
“O seu coração pulsava. Começara a
acontecer, desde que a vira no dia anterior. Mas hoje, ele queria mais. Aproximou-se
dela e entregou-lhe a flor que trazia na mão. Paula olhou para Luis, pegou no
malmequer e começou a tirar pétala a pétala. A expressão dos olhos dela alterava-se
à medida que a flor ficava despida da sua saia branca. Quando terminou, olhou
para ele e sorriu.
- É mesmo verdade Paula !... disse ele.
Aproximaram as bocas e inebriaram-se num
longo beijo.
Depois já com as mãos dadas, foram empurrados
pelo vento, até ao parque. Circundaram árvores e bancos de jardim. Mais um
beijo e outro, e uma corrida a ver quem chegava primeiro a sítio nenhum.
A fome chegou. Ali mesmo no parque havia
um restaurante. Sentaram-se e comeram de faca e garfo.”
António acordara. De repente lembrara-se
do seu sonho. Voando dentro de um balão, talvez de Júlio Verne. E lá de cima
vira, numa volta ao Mundo, a Paula e ele numa floresta. Vira umas pétalas de
uma flor serem varridas pelo vento... o coração batia intensamente... e de repente uma voz...
- António ! Estás atrasado filho !!!
- Já tens a mala pronta para escola ?
Há quantos anos não ouvia a sua Mãe !
Uma lágrima correu face abaixo.
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A partir do desenho de uma das faces dos dados, construíste uma história muito ternurenta e com um final inesperado e emotivo. Gostei muito, Ricardo.
ResponderEliminarParabéns.
Janita desde que comprei estes dados, tem-me dado um gozo imenso escrever estes pequenos textos !
EliminarObrigado
Uma história de sonhos entrelaçados. :)
ResponderEliminarÉ isso mesmo Luísa. Uma história com um sonho dentro de outro sonho.
EliminarObrigado
Uma história enternecedora, pena ser um sonho.
ResponderEliminarDe louvar a tua imaginação. Gostei muito.
Boa semana Ricardo
Gosto de escrever e inventar, até nem correu mal !
EliminarObrigado Manuela
Haja imaginação.
ResponderEliminarBestial!!
Aquele abraço, boa semana
Exacto Pedro !
EliminarObrigado
:)) Estás a surpreender-me como contador de histórias Ricardo ! :))
ResponderEliminarMuito divertido este jogo realmente. Obriga mesmo a puxar pela imaginação ! :))
Rui ainda não tinha tido oportunidade para escrever para este Blogue, no anterior publiquei algumas coisas. Além disso, esta história dos dados, aguçou-me o "apetite".
EliminarVoltei a escrever com muito prazer !!!
Obrigado e Grande Abraço
Estive aqui logo que publicaste e fiquei convencida de que tinha deixado comentário...
ResponderEliminarHoje passei para te deixar um beijinho e é que dei conta que não.
Mas o que te teria dito na altura é que não só gostei com também me conseguiste emocionar com o inesperado desfecho. Deste muito bem "a volta" à sequência que te saiu.
A cada publicação destes teus mini-contos a "contar pelos dedos" fico à espera dos próximos. E ainda tens muito que contar! :)
Beijinhos sem conta certa
(^^)
Olha... os meus dedos queriam escrever "dados"... mas tiveram um ataque de narcisismo! hehehe
EliminarEstás a ser lisonjeira, mas agradeço e ruboresço com a lisonja. Já há muito que penso que eu deveria escrever muito mais do que escrevo. Continua a dar-me um gozo tremendo estes desafios de prosa, com os meus próprios dados !!!
EliminarNarcisista tu, nos dedos ? Não acredito ! :)
Obrigado Afrodite