Dá a surpresa de ser
Dá a surpresa de ser É alta, de um louro escuro. Faz bem só pensar em ver Seu corpo meio maduro.
Seus seios altos parecem (Se ela estivesse deitada) Dois montinhos que amanhecem Sem ter que haver madrugada.
E a mão do seu braço branco Assenta em palmo espalhado Sobre a saliência do flanco Do seu relevo tapado.
Apetece como um barco. Tem qualquer coisa de gomo. Meu Deus, quando é que eu embarco? Ó fome, quando é que eu como?
10-9-1930 - Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995) - 123.
terça-feira, 11 de julho de 2017
A Contar pelos Dados (2) – Afinal eu era um cão
Não era um bom dono e vivia numa barraca
com rodas. A vida tinha-lhe corrido mal. Perdera o emprego e decidiu gastar a
massa numa “roulotte”. Assentou arraiais, no parque de campismo de Monsanto e
lá ia fazendo uns trabalhos por fora, e vivendo do pouco guito que lhe davam os
biscates.
Não me tratava bem. Não me faltava com a
comida que mantinha num depósito térmico, em cima da caravana e lá acedia
através de um escada, mas não me dava muito espaço e quase que me proibiu de
visitar uma cadela que vivia com a dona mesmo perto de nós. Eu acho que ele
tinha uma paixoneta pela dona, mas como ela não lhe dava trela, só dava trela à
cadela, achava que eu também não deveria poder dialogar com a cadelita que por
sinal era um xuxu.
Um dia castigou-me e fiquei fechado dia
todo na “roulotte”. Fiquei fulo e achei que tinha de pôr um “basta” na
situação. Decidi vingar-me !
No dia seguinte soltou-me e quando foi
trabalhar, decidi armadilhar-lhe o caminho de entrada na nossa área para quando
regressasse. Arranjei uma casca de banana e coloquei-a, tapada com umas folhas, logo junto à portinhola de entrada para o nosso espaço. Havia de se estender ao
comprido. Fiz mesmo cara feia de ser humano, e disse para comigo “Vais ver o
estampanço que vais dar, ... mas espera e não vai ser tudo !”. Como tinha
estado fechado o dia todo, aproveitei e fiz uma valente poia a um escasso metro
e meio da casca da banana, tapando-a também com folhas de árvore. A armadilha
estava montada.
Ao final da tarde, eu estava cá fora deitado
junto à mesa e às cadeiras que ficavam ao pé da “roulotte”. Olhava para a
entrada e esperava ansiosamente a sua chegada.
Finalmente chegou, e mal passou a
portinhola escorregou na casca da banana e catrapum, em cima da poia !...
Estava todo sujo de trampa !... 😄😄😄
Eu ladrei e saltei de alegria... e como
ele fez menção de me agredir, zarpei para o café !!!
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Gostei. Muito interessante esse construir de histórias a partir de dados.
ResponderEliminarUm abraço
Elvira estes dados estão à venda na Tigers. São um jogo muito engraçado que pode levar a bons serões em família. Aquilo que praticamente não existe sem tecnologia :(.
EliminarObrigado pela apreciação e pela visita
Muito bem!!! Gostei da nova historieta, Ricardo! :)
ResponderEliminarO dono pode não ser lá grande coisa, mas o canito também é vingativo.
Bolas!
:))
Claro ! "Cá se fazem cá se pagam !", não é o que diz o Povo, que por sinal somos nós !!!
EliminarObrigado Janita
Que giro!!!
ResponderEliminarNão conhecia este jogo mas percebi que já é o segundo post vou já investigar.
Bjs
Segue a etiqueta Papoila ! :) É um jogo que eu comprei na Tigers e que acho que ainda está à venda. Bem engraçado, como comentei na Elvira !
EliminarObrigado
:))) este melhor amigo é de fugirmos quando se zanga :)
ResponderEliminargostei da história, fez-me rir e achei muito original descobrir quem é o narrador :)
um beijinho
Ele tem razão. O dono não deixava namorar. Achas bem Gabriela ?
EliminarNós os seres humanos também namoramos, com que direito proibimos os animais de o fazerem !... não será isto verdade !!!
Obrigado pelo comentário
Bem imaginada esta história, já me ri!
ResponderEliminarA poia e a banana sortiram efeito :)
Fico à espera de outra história a partir dos dados que faltam.
Beijos Ricardo
Se tu soubesse as combinações possiveis que 6 dados dão. Vou dar ares à minha imaginação, porque estando com a minha cabeça bem, a pena corre depressa !
EliminarObrigado Manuela
:)) Isso é que é imaginação, Ricardo. Sim, porque do canito não é, mas sim tua ! ... e pelos vistos tens ai para mais de 40 mil estórias !
ResponderEliminar:))
Rui, foste ler os cálculos que a Afrodite colocou na primeira publicação destes "Contos". Mas espero em breve fazer aqui uns desafios em que cada um dos bloggers que quiserem participar, defendam um dado !
EliminarObrigado e Abraço
ResponderEliminarSe não fosse o título do conto... ias conseguir dar-nos um valente nó no cérebro! hehehe
Concordo com o Rui, isso é que é imaginação!
Estás a conseguir deixar-nos "presos" à espera das cenas dos próximos capítulos! Parabéns também por isso pois tens conseguido "fidelizar-nos" como "clientes" de todas as tuas fantásticas rubricas.
Aqui soa bem dizer... beijinhos e até à próxima
(^^)
Afrodite já uma vez te disse que gosto imenso de escrever, assim esteja sereno de cabeça para o fazer. Estas publicações que ainda agora começaram, estão a dar-me imenso gozo e espero que também vos agradem !
EliminarObrigado Afrodite
Muito divertida, esta história, Ricardo! :))
ResponderEliminarAdorei escrevê-la Luísa !
EliminarObrigado