Ópera, o porquê !?…
O meu Pai foi, sem dúvida, o causador de eu gostar de ópera. Durante a minha juventude, iniciou-me a ouvir música dita “erudita” e deu-me a conhecer algumas das grandes obras, de grandes compositores.
Pelos anos 70, ainda patrocinada pela FNAT, posterior INATEL, havia em Lisboa, uma temporada anual de ópera, levada à cena no Teatro da Trindade e interpretada por cantores portugueses. Essa temporada, frequentei-a durante alguns anos, com os meus pais.
Para quem nunca ouviu ópera, posso dizer que é diferente de tudo o resto, e nesta diferença com qualidade é que está o nosso ganho. É como o jazz, ou outro género musical, deve-se ouvir com atenção, tentar entender, e não ouvir só para distrair. Não sejamos superficiais. É aquele fugir à rotina que vos venho falando desde o início deste blogue e do anterior blogue, a procura do diferente.
Não foi com "Carmen" que me estreei a ouvir ópera (foi com o "Barbeiro de Sevilha" de Giacomo Rossini), mas penso que "Carmen" é uma muito melhor escolha, para nos iniciarmos neste género musical.
Explicar-vos tecnicamente, o que é este género musical, ou o que são, os tenores, os sopranos, os barítonos e os baixos, não vou ter essa veleidade. Sou um mero melómano, curioso, como muitos de vocês, e infelizmente não tenho suficientes conhecimentos musicais para esse tipo de explicação técnica.
No entanto, sei que as vozes masculinas se dividem em tenores (vozes mais agudas), barítonos (vozes intermédias) e baixos (vozes mais graves). As vozes femininas dividem-se, em sopranos (vozes mais agudas) e meio-sopranos e/ou contraltos (vozes mais graves). Depois entre cada tipo de voz existem subdivisões, por exemplo, os tenores podem ser líricos, dramáticos, absolutos, ou os sopranos podem ser líricos e dramáticos, os baixos podem ser “bufos”, etc.. E fiquemos por aqui.
Mais uma célebre Ópera, obrigatória conhecer.
A escolha erudita desta vez, recai sobre a ópera de Giacomo Puccini, “La Bohême”.
Resumo da história desta Ópera
A acção decorre em Paris, no ano de 1830 e conta as aventuras de quatro amigos “Quatro Mosqueteiros” que partilham as águas furtadas de um prédio em Paris. Um deles, Rodolfo, apaixona-se por Lúcia (Mimi), uma das inquilinas do mesmo prédio. Ela é costureira. Os quatro e Mimi juntam-se e vão passar essa primeira noite, em que conhece Rodolfo, no “Quartier Latin”. É véspera de Natal. Os episódios sucedem-se.
Esta alegre e apaixonada relação termina quando Mimi adoece com tuberculose e morre.
Personagens de La Bohême
Rodolfo (Poeta) …………………………………. Tenor
Marcelo (Pintor) …………………………………. Barítono
Schaunard (Músico) ……………………………. Barítono
Colline (Filósofo) ………………………………… Baixo
Mimi ………………..……………………………... Soprano
Musette …………..………………………………. Soprano
Benoit (Senhorio) ……………………………….. Baixo
Alcindoro (Conselheiro de Estado) ………........ Baixo
Parpignol (Quinquilheiro) ……………………..... Tenor
O Sargento dos guardas da Alfândega ............. Baixo
Estudantes, costureiras, cidadãos, lojistas de ambos os sexos, vendedores ambulantes, soldados, criados de café, rapazes e raparigas, etc..
Do autor Giacommo Puccini, … (excertos)
Ao nome de baptismo de Giacomo Puccini correspondem vários na nossa língua; tanto poderá ser Jácome, como Diogo, Tiago ou Jaime. Por isso apenas há uma forma de vencer o embaraço e não errar a tradução. Essa é… não o traduzir.
Giacomo (lê-se: Djácomo) Puccini (lê-se: Putxini), última vergôntea (descendente) de autêntica dinastia de músicos notáveis, e todos naturais de Lucca, nasceu a 22 de Dezembro de 1858. Filho, neto e bisneto de três compositores de grande envergadura na época, respectivamente, seu pai Miguel Puccini (1813-1864), seu avô António Puccini (1771-1815) e seu bisavô Giacomo Puccini (1712-1831). Estudou no Instituto Musical Pacini, em Lucca, com Carlos Angeloni (1834-1901). Mais tarde, vai estudar para Nápoles, para o Conservatório, graças à Rainha Margarida, mãe de Victor Manuel III. Primeiramente é Amílcar Ponchielli (1834-1887) o seu professor e mais tarde após a sua morte, é António Bazzini (1818-1897) que o ensina.
As suas mais célebres obras do género lírico, são:
Le Villi; Manon Lescaut; La Bohême (que foi representada pela primeira vez no dia 1 de Fevereiro de 1896, no Teatro Régio de Turim, dirigida pelo prestigiado maestro Arturo Toscanini); Tosca e Madame Butterfly.
Giacomo Puccini morre em 29 de Novembro de 1924, com 65 anos de idade.
Texto extraído e adaptado de:
Colecção "Ópera", Volume 4, Direcção Mário de Sampayo Ribeiro, Editor Manuel B. Calarrão, Lisboa, Maio de 1946, Preço 3$50.
DVD indicativo: La Bohême de Giacomo Puccini, com Luciano Pavarotti e Mirella Freni, Orquestra e Coro da Ópera de São Francisco (EUA), dirigida por Tiziano Severini,
Trechos Musicais
“Che gelida manina”, Rudolfo com Roberto Alagna (Tenor), na Ópera da Bastilha, Paris, França, em 1995.
Si mi chiamano Mimi, Mimi com Rachel Cobb (Soprano) no “Academy of Arts Theater” in Lynchburg, Virgínia, EUA, em 20 de Abril de 2008.
“O soave fanciulla”, Mimi com Renata Tebaldi (Soprano) e Rudolfo com Jussi Björling (Tenor).
"O Mimì, tu più non torni", Marcelo com Ludovic Tézier (Barítono) e Rudolfo com Ramón Vargas (Tenor).
"Vecchia zimarra, senti", Colline com Eric Downs (Baixo).