Dá a surpresa de ser

Dá a surpresa de ser É alta, de um louro escuro. Faz bem só pensar em ver Seu corpo meio maduro.

Seus seios altos parecem (Se ela estivesse deitada) Dois montinhos que amanhecem Sem ter que haver madrugada.

E a mão do seu braço branco Assenta em palmo espalhado Sobre a saliência do flanco Do seu relevo tapado.

Apetece como um barco. Tem qualquer coisa de gomo. Meu Deus, quando é que eu embarco? Ó fome, quando é que eu como?

10-9-1930 - Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995) - 123.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Nada substitui o papel (*) - Dama de Espadas - Mário Zambujal

De Mário Zambujal, o autor da “Crónica dos Bons Malandros” acabei de ler um conto despretensioso e bem escrito que aconselho. “A Dama de Espadas” é uma história da vida interessante que centra o seu enredo na personagem de Filipe que é amado por Eva Teresa, irmã mais nova de Rosália, filhas dos Lucas. Talvez com um final inesperado. Até poderia dar uma curta-metragem cinematográfica, não fôramos nós portugueses, um pais de “pelintras”, de que tudo o que vem lá de fora é que é bom, e de que os nossos “irmãos” do outro lado do Oceano é que sabem fazer novelas. Um “chorrilho” de asneiras, claro !
Artistas, e pessoas inteligentes e sábias, é o que não falta por cá. O que faltam são empresários e dirigentes de qualidade. Temos muitos de uns e de outros, mas de “lápis atrás da orelha”. Nome que, antigamente, era dado aos merceeiros, que puxavam do seu lápis, afiado na navalha, e faziam ou assentavam as contas, num papel pardo de embrulho, ou num livro de débito e crédito, daqueles que pagavam ao mês.
Aconselho este conto singelo.

(*) O papel pensa-se que terá sido inventado na China, durante a dinastia Han, entre 206 AC e 221 DC. Terá seguramente mais de 1.700 anos de história.

Ainda se lembram da “Crónica dos Bons Malandros” ? eis aqui a lembrança do seu “genérico” (incompleto). Filme de Fernando Lopes, comédia de 1984, com banda sonora “O Malandro” interpretada por Paulo de Carvalho.

2 comentários:

  1. àcerca do título: palpita-me que não vai ser bem assim. Se não na totalidade, creio que irá ter uma redução substancial no decorrer dos próximos tempos (décadas)!
    O desenvolvimento dos meios audio visuais e informáticos, um crescendo de jornais e revistas online, a protecção ambiental contra o derrube das árvores, o crescente aumento do preço do papel, fazem-me prever o que acima me palpita .
    .

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  2. O futuro será uma escola onde as crianças levam na mochila um iPad ou coisa semelhante... livros serão raridades e apesar de eu adorar os meus livros com seu cheirinho a papel e tinta... eles ficarão, cada vez mais caros e mais esquecidos, trocados por tecnologias informáticas... um sinal dos tempos.
    Eu em pequena, ainda me lembro do tanque da minha avó... e, hoje, de certeza que não o trocava pela minha máquina de lavar roupa, no entanto, ainda me lembro das dúvidas da minha avó que achava que a roupa não ia ficar tão bem lavada ;)
    Mas garantir que o futuro será todo tecnológico, se calhar, é falar cedo demais, porque quando as energias fósseis acabarem... quem sabe se não se volta ao velho tanque e a muitas outras coisas que pensamos terem ficado no passado ;)

    Bjos

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Eu fiz um Pacto com a minha língua, o Português, língua de Camões, de Pessoa e de Saramago. Respeito pelo Português (Brasil), mas em desrespeito total pelo Acordo Ortográfico de 90 !!!