Como todos sabemos, a voz humana é uma exímia intérprete de sons e a audição da mesma, é para nós um prazer imenso, porque podemos ouvi-la com tonalidades diferentes, com intensidades diferentes para as vozes masculinas e para as vozes femininas. As composições dão voz às vozes, se assim se pode dizer. Mas as vozes podem complementar-se com instrumentos que as acompanham ou que tocam a solo. Desde as cordas, aos metais, passando pelos instrumentos de percussão, e ultimamente pelos sons sintetizados e electrónicos, eles dão-nos um número infinito de combinações, de tonalidades, de melodias, etc.. Por ser um apaixonado de instrumentação, convido-vos a escutarem umas gotas de água pura e cristalina, do melhor que se fez em Jazz de fusão, durante as décadas de 80 e 90.
METHENY DIZ-NOS…
Abaixo do vídeo a tradução da pequena entrevista (faixa nº. 9) do concerto no Japão (DVD) sobre a apresentação do álbum “We Live Here” (1995). No Youtube - Pat Metheny: An interview about Listening and Leading - theMusicFDN. (Ricardo Santos)
“…Para mim tocar no seu melhor é o mesmo que falar com alguém que nós conheçamos muito bem e com a qual te sintas muito à vontade/confortável. Esquecemo-nos do tempo, do espaço e de tudo, isto é, estamos dentro das ideias que temos/produzimos e vivemos cada momento duma maneira muito especial e muita única e que, exactamente, o que o processo de tocar simboliza. E para mim, honestamente, posso afirmar que quando estou a tocar muito bem eu não estou a pensar em nada, estou somente a ouvir. E de facto, à medida que o tempo passa, chego à conclusão que tocar é muito mais ouvir do que, propriamente, tocar. O que quero dizer com isso é que se toco uma nota e que de seguida, ouço como ela se enquadra com tudo o que todos (grupo) tocam, então existe uma pessoa dentro de mim, que é um admirador de música e que é um ouvinte e ao qual eu então pergunto: «se estás a ouvir isto, e estás, o que é que queres eu ouvir de seguida ?» E então eu toco exactamente o que essa pessoa pretende ouvir.
Por isso, é a parte de ouvinte que comanda, entenda-se, a frase melódica ou o que lhe quiserem chamar. Resumidamente, eu sou uma espécie de ouvinte, é o melhor que posso dizer, e que eu tento, realmente, ouvir todo o som do grupo e participar nele.”.
PALAVRAS MINHAS
Como sempre disse, sou um melómano amador. Infelizmente, para além de saber que existem 7 notas musicais: dó, ré, mi, fá, sol, lá e si, ao olhar para uma pauta musical, não a sei interpretar. Bem gostaria de o saber fazer e, também, de ter tido a oportunidade de aprender a tocar piano. Sempre foi o instrumento, do meu fascínio. Mas apesar desses senãos, considero-me um amante de música, sem muita preocupação pelo convencionalismo de lhe atribuir um género. Música, para mim, é algo escrito por alguém e que foi pensado e trabalhado antes de ser executado, por um instrumento e/ou voz. Ter “melodia”, não é obrigatório, mas convém que seja pelo menos um “amontoado” de sons audível.
Pat Metheny começou a entrar musicalmente na minha cabeça, já há alguns anos, penso que em 1996. Embora já o tivesse ouvido anteriormente, nunca quis ouvir. Passo a explicar, a música, a escrita, a imagem, as artes em geral são perceptíveis por todos, mas para isso acontecer é necessário, não só algumas vezes a pesquisa e/ou a aprendizagem daquilo que vamos ouvir e/ou ver, mas também, e principalmente, estarmos abertos mentalmente a querermos experimentar sensações diferentes ao ver ou ao ouvir coisas fora do comum.
Ele é um génio da arte da música, embora existam vozes contraditórias. Seja como for, ele ficará na história universal da música, e nomeadamente, na contemporânea, como um dos melhores guitarristas e compositores. Por isso, é minha obrigação difundi-lo. Queremos ouvir boas coisas, que nos agradem e que sejam diferentes, mas que temos muitas vezes que aprender a ouvir, “estamos todos no mesmo barco”.
Vi-o e ao grupo, em Lisboa, três vezes. A primeira, quando da apresentação do álbum “Imaginary Day”, de 1997, na “Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa”. A segunda vez, para a apresentação do álbum “Speaking Of Now”, de 2002 (27-06-2002), no “Coliseu dos Recreios” e finalmente, a terceira vez, também no “Coliseu dos Recreios”, para apresentação do actual último trabalho de grupo (em Abril 2010), o álbum “The Way Up”, de 2005. Vou sonorizá-los para os que me visitam, sem pretensiosismo algum, mas com algum trabalho de recolha e de explicação musical dos temas a ouvir. Como disse anteriormente, sou somente um melómano amador, mas tenho a certeza que este grupo foi/é/será sempre muitíssimo bom. São profissionais de “primeira água”.
Somente um pedido final, mesmo que alguns acordes sejam menos melodiosos ao vosso sistema auditivo, tentem ouvir até ao fim.
Todos nós em miúdos, muitas vezes dissemos que não gostávamos de uma coisa, mas na maioria das vezes nunca a tínhamos experimentado ou provado. Por isso, provem primeiro e depois podem cuspir o som ou digeri-lo, a decisão será sempre vossa.
Eu já era adulto quando comecei a gostar de favas !
BIOGRAFIAS
Lyle Mays (27-11-1953) ) – Teclas e guitarra;
Steve Rodby (09-12-1954) ) – Contrabaixo e viola baixo;
Cuong Vu (19-09-1969) – Trompete, voz e percussão;
Mark Ledford (1960 – 01-11-2004) – Vários instrumentos e voz;
Apresentação geral do grupo, com a maioria dos seus membros actuais e passados, os seus álbuns e prémios. Os dados apresentados são à data de quem carregou o vídeo (24 de Abril de 2008). A lista de prémios para mim está incompleta porque deveria dizer a que álbum, cada um dos prémios correspondeu.
Em alguma imprensa portuguesa
O PÚBLICO - Em 18/02/2002 - Pat Metheny Group regressa a Portugal em Junho
O PÚBLICO - Miguel Francisco Cadete, em Madrid 18/02/2002 - O regresso do virtuoso em disco e em concerto
O PÚBLICO - Manuel Carvalho 25/06/2005 - 00:00 - Metheny de regresso em peregrinação pelas origens
CORREIO DA MANHÃ - Em 28/06/2015 - Noite épica de Metheny
CORREIO DA MANHÃ - Em 25/06/2015 - Pat Metheny traz jazz em dose dupla
JORNAL DE NOTÍCIAS - Rui Branco 25/06/2005 - Eterno regresso de Metheny
Publicações
Começarão depois de amanhã, dia 9 de Fevereiro.
Espero que gostem…