Dá a surpresa de ser

Dá a surpresa de ser É alta, de um louro escuro. Faz bem só pensar em ver Seu corpo meio maduro.

Seus seios altos parecem (Se ela estivesse deitada) Dois montinhos que amanhecem Sem ter que haver madrugada.

E a mão do seu braço branco Assenta em palmo espalhado Sobre a saliência do flanco Do seu relevo tapado.

Apetece como um barco. Tem qualquer coisa de gomo. Meu Deus, quando é que eu embarco? Ó fome, quando é que eu como?

10-9-1930 - Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995) - 123.

sábado, 6 de setembro de 2014

Lisboa (XX) – À volta da Praça dos Restauradores

(Dados Biográficos In Wikipédia e/ou In AllMusic.Com - Todos os excertos das biografias foram adaptados e algumas vezes traduzidos por Ricardo Santos)

A Praça dos Restauradores situa-se em Lisboa e é caracterizada pelo alto obelisco, erigido em 1886, que comemora a libertação do país do domínio espanhol (os Filipes) em 1640. As figuras de bronze do pedestal representam a Vitória, com uma palma e uma coroa, e a Liberdade. Os nomes e datas nos lados do obelisco são os das batalhas da Guerra da Restauração. O Monumento foi custeado por subscrição pública, aberta em Portugal e no Brasil, e gerida por uma comissão sob a presidência do Marquês de Sá da Bandeira. O projecto do monumento é da autoria de António Tomás da Fonseca, e as estátuas alegóricas (Independência e Vitória), da autoria de José Simões de Almeida e Alberto Nunes.
Para além da parte central da praça e do obelisco que lhe dá um ar majestoso, existem alguns edifícios que a marcam pela sua beleza.

Encontramos o Café Palladium da autoria do arquitecto Raúl Tojal. Um café com uma história grande a todos os níveis, lugar de reunião de toda a intelectualidade de Lisboa e que foi adulterado e transformado em Centro Comercial, no século XX.

O Elevador da Glória é um dos poucos elevadores que restam em Lisboa e situa-se na baixa, mais precisamente na Praça dos Restauradores. Faz a ligação entre esta praça e o Bairro Alto, através da Calçada da Glória.

O Palácio Foz ou Palácio Castelo Melhor, concebido no século XVIII, tendo-se arrastado a sua construção até ao século XIX, com um ar liberto já do barroco e mais ao estilo italiano, em voga neste século. Em tempos e muito diferente do que está agora, existia ali um extenso terreno cultivado, as hortas de “Valverde” e da “Cera”, sobre os quais depois de 1755 e do terramoto, deu origem ao “Passeio Público do Rossio”.
Ignora-se o autor do traçado do Palácio Castelo Melhor (Foz), atribuindo o mesmo durante muitos anos a um arquitecto italiano, de nome Francisco Xavier Fabri. Mas Fabri chegou a Lisboa, em 1790, para restaurar a Sé de Faro. O Palácio já tinha iniciado a sua construção há duas décadas. No entanto, Fabri presidiria às obras até à data da sua morte em 1807.
José António Gaspar foi o arquitecto encarregue de construir os interiores e o escultor Leandro Braga fez a decoração. Muitos outros tomaram parte na construção deste exuberante edifício, nomeadamente, Luís Benavente e Rosendo Carvalheira.

O Arquitecto Cassiano Viriato Branco foi o autor do Éden Teatro.
Cassiano Branco (Lisboa, 08-1897 – Lisboa 24-04-1970) - Nasceu  junto aos Restauradores, na freguesia de S. José, filho de Maria de Assumpção Viriato e Cassiano José Branco (pequeno industrial de Alcácer do Sal). Em 1917 casou-se com Maria Elisa Soares Branco. Em 1919 concluiu os exames do antigo Curso Geral de Desenho, preparatórios da sua admissão ao Curso de Arquitectura que conclui em 1926. Mais tarde, em 1958, apoiou a candidatura do general Humberto Delgado à Presidência da República, tendo então sido detido pela PIDE.

Tanto se fala de não se poder alterar fachadas de edifícios antigos considerados obras de arte, mas aqui, no Éden Teatro, não houve essa preocupação e a sua fachada principal foi adulterada.

O Arquitecto José Luís Monteiro é o autor do Hotel Avenida Palace.
José Luís Monteiro (Lisboa, 25-11-1848 - Lisboa, 27-01-1942) - Nasceu na freguesia de São José, em 1848. Estudou na Academia de Belas-Artes, em Lisboa, desde os 12 anos. Anos mais tarde, leccionou nesta instituição, durante 40 anos, a disciplina de Arquitectura Civil; foi seu director em 1912. Após os estudos em Lisboa, Monteiro parte para Paris, em 1873, como bolseiro, onde se forma em arquitectura, na École des Beaux-Arts. É o introdutor do trabalho em ferro forjado, em Portugal. A 1 de Abril de 1880, Monteiro é nomeado arquitecto da Câmara Municipal de Lisboa, durante dois anos.

A acompanhar estas fotos, o tema “And Then I Knew”, de Pat Metheny, do álbum “We Live Here”, de 1994.

6 comentários:

  1. Muitas saudades da minha bela cidade!! Obrigada por este bocadinho...

    Boa semana!

    ResponderEliminar
  2. Andei por aí muito recentemente.
    As minha filhas adoraram
    Boa semana

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Continua a ser uma Praça maravilhosa, apesar de ter sdofrido já algumas alterações. Obrigado Pedro

      Eliminar
  3. ~ ~ Gostei muito, Ricardo. ll: )
    ~ ~ Só tive pena que não houvesse um rápido apontamento para a gelataria "A Veneziana", a mais antiga do país-- 1936-- e para o edifício da estação central dos correios, simples, mas emblemático, está na memória dos lisboetas que viveram antes da idade dos "cibernautas".

    ~ ~ ~ ~ Uma semana muito agradável. ~ ~ ~

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Verdade, falta a geladaria "A Veneziana", os CTT e ainda o bar "O Pirata". Hei-de voltar lá com outras lentes e outros enquadramentos, espero !
      Obrigado Majo

      Eliminar

Eu fiz um Pacto com a minha língua, o Português, língua de Camões, de Pessoa e de Saramago. Respeito pelo Português (Brasil), mas em desrespeito total pelo Acordo Ortográfico de 90 !!!