Dá a surpresa de ser

Dá a surpresa de ser É alta, de um louro escuro. Faz bem só pensar em ver Seu corpo meio maduro.

Seus seios altos parecem (Se ela estivesse deitada) Dois montinhos que amanhecem Sem ter que haver madrugada.

E a mão do seu braço branco Assenta em palmo espalhado Sobre a saliência do flanco Do seu relevo tapado.

Apetece como um barco. Tem qualquer coisa de gomo. Meu Deus, quando é que eu embarco? Ó fome, quando é que eu como?

10-9-1930 - Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995) - 123.

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Lisboa (XVII) – Mosteiro dos Jerónimos

(Dados Biográficos In Wikipédia e/ou In AllMusic.Com - Todos os excertos das biografias foram adaptados e algumas vezes traduzidos por Ricardo Santos)
O Mosteiro dos Jerónimos é um mosteiro manuelino, testemunho monumental da riqueza dos Descobrimentos portugueses. Situa-se em Belém, Lisboa, à entrada do Rio Tejo. Constitui o ponto mais alto da arquitectura manuelina e o mais notável conjunto monástico do século XVI em Portugal e uma das principais igrejas (salão) da Europa.
Destacam-se o seu claustro, completo em 1544, e a porta sul, de complexo desenho geométrico, virada para o rio Tejo. Os elementos decorativos são repletos de símbolos da arte da navegação e de esculturas de plantas e animais exóticos. O monumento é considerado património mundial pela UNESCO, e em 7 de Julho de 2007 foi eleito como uma das sete maravilhas de Portugal.
Encomendado pelo rei D. Manuel I, pouco depois de Vasco da Gama ter regressado da sua viagem à Índia, foi financiado em grande parte pelos lucros do comércio de especiarias. Escolhido o local, junto ao rio em Santa Maria de Belém, em 1502 é iniciada a obra com vários arquitectos e construtores, entre eles Diogo Boitaca (plano inicial e parte da execução) e João de Castilho (abóbadas das naves e do transepto – esta com uma rede de nervuras em forma de estrela –, pilares, porta sul, sacristia e fachada) que substitui o primeiro em 1516/17. No reinado de D. João III foi acrescentado o coro alto.
Deriva o nome de ter sido entregue à Ordem de São Jerónimo, nele estabelecida até 1834. Sobreviveu ao sismo de 1755 mas foi danificado pelas tropas invasoras francesas enviadas por Napoleão Bonaparte no início do século XIX.
Inclui, entre outros, os túmulos dos reis D. Manuel I e sua mulher, D. Maria, D. João III e sua mulher D. Catarina, D. Sebastião e D. Henrique e ainda os de Vasco da Gama, de Luís Vaz de Camões, de Alexandre Herculano e de Fernando Pessoa.
Após 1834, com a expulsão das Ordens Religiosas, o templo dos Jerónimos foi destinado a Igreja Paroquial da Freguesia de Santa Maria de Belém.
Numa extensão construída em 1850 está localizado o Museu Nacional de Arqueologia. O Museu da Marinha situa-se na ala oeste.
Integrou, em 1983, a XVII Exposição Europeia de Arte Ciência e Cultura.

António Pinho Vargas (1951-20xx) – Nascido em Agosto em Vila Nova de Gaia, tem uma carreira musical longa e rica de experiências. Funda em 1970, a “Associação de Música Conceptual”, conjuntamente com Carlos Zíngaro e Jorge Lima Barreto. Licenciado em História pela Faculdade de Letras do Porto, enfrenta alguns anos de dificuldade pessoal por querer ser músico de “jazz”. Malpertuis, Bambu, Faces, Fora de Moda, Ritual, são álbuns de outros músicos com quem participa. Em 1983 estreia-se com o álbum “Outros Lugares”. Depois não pára e compõe e edita outros álbuns, tais como: Cores e Aromas; As Folhas Novas mudam de Cor; Os Jogos do Mundo; Selos e Borboletas. No teatro e cinema, com bandas sonoras: “Hamlet”; Tempos Difíceis;  Aqui na Terra, Cinco Dias, Cinco Noites. Também música erudita e ópera, com “Os Dias Levantados”.
E nunca mais parávamos de falar de APV, este excelente compositor e intérprete que é mais uma pérola do tão abandonado panorama musical português.

O tema escolhido para ilustrar musicalmente estas fotografias é o tema de António Pinho Vargas, “Fim de Tarde”, do álbum “Cores e Aromas” de 1989, com a presença de APV (piano e sintetizadores), José Nogueira (saxofone alto), Mário Barreiros (bateria) e Pedro Barreiros (contrabaixo).

8 comentários:

  1. Um dos monumentos mais belos! O que nao gosto e ver os mendigos a porta da igreja. Os turistas nao gostam, de certo.

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    1. Estamos absolutamente de acordo em relação ao monumento. Também não gosto de ver pedintes nas ruas é uma verdade, mas é um realidade e temos de assumi-la. Há quem seja pedinte dentro da legalidade e nos exija esforços muitas vezes para lá das nossas posses. Foi esta a sociedade que o Homem construiu.
      Obrigado Catarina

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  2. ~ Belas fotos, Ricardo.
    ~ Para mim, a Praça do Império é o coração de Portugal.
    ~ Não me conformo com a deselegante interposição do CCB.

    ~ Um Fim de Tarde excecional!
    ~ Uma partilha muito generosa.

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    1. Eu conheço, razoavelmente, Lisboa e a Praça do Império é na realidade, o reflexo da nossa História, dos Descobrimentos. Pena não termos tido a capacidade de trazer todo o nosso invento, trabalho e querer, para os séculos posteriores. Hoje, fala-se muito e trabalhasse muito pouco. Vivemos do mediatismo e da coscuvilhice da vida dos outros, nos meios da comunicação.
      Obrigado Majo

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  3. Sem dúvida o expoente da nossa arquitectura Manuelina e muito justamente Património Mundial pela Unesco !!! ... É de uma beleza fantástica todo aquele trabalho das pedras e de uma grandiosidade imponente, que deixa os nossos turistas boquiabertos !
    Vi-o por dentro uma vez, já há anos! As tuas fotos e a apresentação neste sistema, uma pequena maravilha !
    Faço uma pequena ideia do trabalho que estas coisas te dão, desde a parte fotográfica à musical e à pesquisa dos dados !
    Estás de parabéns por este blog em que vais alternando a "fotografia" com a música e sempre tudo muito bem "documentado" à altura !!!

    Abraço ! :))
    .

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    1. Rui tento fazer sempre o meu melhor para mostrar aquilo que é a minha cidade, o meu berço e aquilo que os grandes artistas deixaram às gerações seguintes.
      Os Jerónimos são qualquer coisa de assombroso. Eu adoro sentir-me pequenino lá dentro. Traz-me um sensação de calma e de bem estar.
      Como alguém já disse..."já fui muito feliz nos Jerónimos !"... melhor "sou feliz cada vez que lá vou !!!"
      Um Abraço e um Obrigado pelo teu comentário

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  4. Monumentos únicos e maravilhosos que representam e contam a nossa História!
    Os novos estilos arquitectónicos não se lhes podem comparar, pelo que a preservação do nosso Património Cultural é importantíssimo.

    Não conheço os Jerónimos por dentro!:(

    Imperdoável, eu sei, mas nunca se proporcionou a visita. Apreciei imenso este teu vídeo, composto por fotos magníficas.
    Esta é das rubricas do teu blog que considero de um valor inestimável, Ricardo.

    Parabéns e obrigada por toda a informação que nos passas e pelas imagens belíssimas.

    Um abraço.

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    1. Quando vieres cá abaixo, tens de visitar os Jerónimos.
      Sempre me deu muito gozo fazer fotografia e dar a conhecer a genialidade Portuguesa.
      É sempre agradável ver-te por aqui, pelo meu espaço, que é de todos os portugueses.
      Obrigado pelo teu simpático comentário

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Eu fiz um Pacto com a minha língua, o Português, língua de Camões, de Pessoa e de Saramago. Respeito pelo Português (Brasil), mas em desrespeito total pelo Acordo Ortográfico de 90 !!!