Dá a surpresa de ser

Dá a surpresa de ser É alta, de um louro escuro. Faz bem só pensar em ver Seu corpo meio maduro.

Seus seios altos parecem (Se ela estivesse deitada) Dois montinhos que amanhecem Sem ter que haver madrugada.

E a mão do seu braço branco Assenta em palmo espalhado Sobre a saliência do flanco Do seu relevo tapado.

Apetece como um barco. Tem qualquer coisa de gomo. Meu Deus, quando é que eu embarco? Ó fome, quando é que eu como?

10-9-1930 - Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995) - 123.

domingo, 10 de junho de 2012

5MJZ (XXIII) – Bill Evans

(Dados Biográficos In Wikipédia e/ou In AllMusic.Com - Todos os excertos das biografias foram adaptados e algumas vezes traduzidos por Ricardo Santos; e ainda In Duarte, José, História do Jazz, 2ª. Edição, Editora Sextante, Novembro de 2009)           
                 
Se Luís Villas-Boas é considerado o pai do Jazz em Portugal, José Duarte é também uma figura proeminente e importante na divulgação deste género musical no nosso País.
Estamos a passar, com o auxílio do “Youtube”, como é habitual, algumas das músicas, consideradas obrigatórias pelo José Duarte e constantes numa edição de três CD’s sobre o programa “Cinco Minutos de Jazz”, começado na década de 60 (1966), no “Rádio Renascença”, depois na Rádio Comercial e mais tarde na Antena 1, onde ainda hoje e há mais de 40 anos se divulga o improviso na rádio do nosso país.              
                
William “Bill” John Evans (Plainfield, EUA, 16-08-1929 — New York, EUA, 15-09-1980) - Foi um pianista norte-americano, considerado um dos mais importantes músicos de jazz da história, sendo até hoje uma das referências do piano de jazz pós-50.
O seu uso da harmonia impressionista, as suas interpretações inventivas do repertório tradicional de jazz e as suas linhas melódias sincopadas e polirrítmicas influenciaram toda uma geração de pianistas, incluindo Herbie Hancock, Denny Zeitlin, Chick Corea e Keith Jarrett. O seu trabalho continua a influenciar jovens pianistas como Fred Hersch, Esbjörn Svensson, Bill Charlap e Lyle Mays, e músicos que tocam outros instrumentos, como o guitarrista John McLaughlin.
A sua mãe era pianista amadora com interesse em compositores clássicos modernos, o que originou a sua formação clássica ao piano aos 6 anos de idade. Aprendeu flauta aos 13 anos e, também, tocava violino.
Nos anos 40, tocou “Boogie Woogie” em vários clubes de New York. Recebeu uma bolsa na “Southeastern Louisiana University” e formou-se em 1950 na disciplina de “piano e ensino de música”. Mais tarde, estudou “composição” na “Mannes College of Music”. Após algum tempo no exército, tocava em vários clubes de dança com clarinetistas e guitarristas de jazz.
Nos anos 50, trabalhava em New York, aí Evans ganhou fama como “sideman” em bandas tradicionais e as chamadas “Third Stream”.
Durante esta época, ele teve oportunidade de gravar em vários contextos, com alguns dos maiores nomes do jazz de então, entre eles George Russell, Charles Mingus, Oliver Nelson e Art Farmer.
Em 1956 lançou o seu álbum de estreia, “New Jazz Conceptions”, para a “Riverside Records”, já incluindo aquela que se tornaria a sua mais conhecida composição, "Waltz for Debbie".
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Uma das peças, para mim, mais bonitas desta colectânea “5 Minutos de Jazz”, uma execução e interpretação extraordinária de Bill Evans.         
            
Peace Piece", é uma composição de jazz gravada por Bill Evans em Dezembro de 1958 (*) para o seu álbum “Everybody Digs Bill Evans”. É uma improvisação pastoral gravada por ele, no final da sessão de gravação e é uma das mais simples. Construída sobre “uma suave C major 7 to G suspended 4th two chord progression”, os mesmos acordes iniciais do " Some Other Time" do musical "On The Town", de Leonard Bernstein, também gravado por Evans. A mesma evolução apresentada na abertura de "Flamenco Sketches", que ele gravou com Miles Davis no ano seguinte. Miles Davis teve um particular interesse pela peça e queria reutilizá-la.
Apesar de uma canção pacífica, no entanto, ela também possui uma grande quantidade de notas dissonantes ao longo da segunda metade da música que adiciona alguma tensão. A canção, com a sua melodia intemporal e de forma livre e pacífica, de alguma meditação, fez sucesso e obteve destaque em várias bandas sonoras de filmes e música para coreografias de bailado e foi gravada por vários músicos de jazz.
É caracterizada na “Bo Widerberg’s Love 65” (1965), na “Gaurav Seth’s Passage to Ottawa” e na Philip Seymour Hoffman, “Jack Goes Boating” (2010). Os pianistas Richie Beirach, Ricardo Fioravanti, Liz Story e Stefano Battaglia, os guitarristas Stephen Anderson e Nino Josele, o flautista Herbie Mann, e o pianista Jean-Yves Thibaudet têm gravações de "Peace Piece”. O “Kronos Quartet” gravou também "Peace Piece", como um quarteto de cordas, na música álbum de Bill Evans com Eddie Gomez em contrabaixo e Jim Hall acompanhando em guitarra.        
               
(*) 1958 – Primeiros voos do avião commercial norte-americano Boeing 707; Charles de Gaulle é eleito presidente da República Francesa; Miles Davis e Gil Evans gravam “Porgy & Bess”, ópera de George Gershwin; Ornette Coleman grava “Something Else”.               
                         
                
                   
Kronos Quartet (1973 – 20xx) – Com David Harrington (violino), John Sherba (violin), Hank Dutt (viola) e Jeffrey Zeigler violoncello).            
                    

1 comentário:

  1. Ouvi os dois vídeos... mas depois passei para o Glenn Miller... lá está... o tal estado de espírito a funcionar ;)

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Eu fiz um Pacto com a minha língua, o Português, língua de Camões, de Pessoa e de Saramago. Respeito pelo Português (Brasil), mas em desrespeito total pelo Acordo Ortográfico de 90 !!!